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Desafios na Evolução Comprometem o Belo Desfile Plástico da Grande Rio
Na busca pelo bicampeonato, a Grande Rio entrou na Sapucaí com uma proposta visual marcante, assinada pela dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad. No entanto, apesar dos acabamentos primorosos e soluções criativas, a escola enfrentou desafios significativos na evolução, comprometendo a fluidez do desfile. O samba, conduzido magistralmente por Evandro Malandro, brilhou como um ponto alto da noite, cativando tanto a comunidade quanto o público presente.
O enredo, intitulado “Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, para te ver, para te abraçar, para beber e batucar!”, buscou homenagear o multifacetado Zeca Pagodinho, percorrendo os lugares afetivos e simbólicos que moldaram sua trajetória. A comissão de frente, sob a coreografia de Hélio e Beth Bejani, apresentou “Poetas da vida, Poetas do samba”, retratando malandros, cabrochas e o universo musical do artista.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, encantou com um figurino que evocava São Jorge e Ogum, destacando-se pela intensidade dos movimentos, pela sincronia e pela representação das raízes de matriz africana. No entanto, problemas na evolução, com buracos e cansaço aparente ao final da apresentação, marcaram pontos negativos.
A harmonia da comunidade caxiense, liderada pelo intérprete Evandro Malandro, permaneceu em alto nível, com todos os setores entoando o samba com alegria e precisão. O destaque foi para alas específicas, como “quem vai pela boa estrada”, “nas mandingas que a gente não vê”, e a ala das baianas, que contribuíram para a atmosfera festiva.
Entretanto, o quesito evolução foi o ponto crítico do desfile. A presença de buracos, problemas com a iluminação de alegorias e tripés, aliados a uma apresentação mais demorada da comissão e do casal de mestre-sala e porta-bandeira, resultaram em um desfile que, apesar do esplendor visual, não atingiu a fluidez desejada.
O samba-enredo, uma composição de Arlindinho, Diogo Nogueira e outros, brilhou com refrões marcantes, como “Ê que bela quitanda, quitandinha de Erê”, e referências ao sucesso “Deixa a vida me levar”. Evandro Malandro, à frente do carro de som, conduziu a obra com maestria, conquistando tanto os componentes quanto o público.
As fantasias, mais uma vez assinadas por Leonardo Bora e Gabriel Haddad, apresentaram um ótimo trabalho visual, com detalhes primorosos, soluções criativas e uma paleta de cores que refletia os diferentes lugares homenageados. No entanto, em alguns momentos, percebeu-se que as indumentárias pareciam pesadas para os componentes, comprometendo a leveza na evolução.
As alegorias, mesmo com um excelente apuro estético, foram prejudicadas por problemas de iluminação, especialmente na segunda alegoria e no tripé “Sapopemba e Maxambomba”. O destaque positivo ficou para o Abre-Alas, que prestou uma bela homenagem a São Jorge e Ogum, e a última alegoria, que trouxe Zeca Pagodinho abaixo de uma grande Águia, reverenciando os cem anos da Portela.
Outros momentos notáveis incluíram a homenagem da bateria aos blocos Bafo da Onça e Cacique de Ramos, representada pelos ritmistas com cores distintas em seus figurinos. A rainha Paola de Oliveira, com o tema “Peito de Aço, coração de Sabiá”, evocou o universo metálico de Ogum, sendo erguida em uma estrutura acima da bateria em determinados momentos.
Apesar dos desafios na evolução, a Grande Rio trouxe uma celebração emocionante a Zeca Pagodinho, destacando-se pela riqueza plástica, samba contagiante e homenagem sincera ao grande nome do pagode. Resta aguardar a avaliação dos jurados para conhecer o desfecho desse capítulo na história do Carnaval carioca em 2023.