CARNAVAL DE 2018
SINOPSE DO ENREDOUma Sublime Visão nas Lendas, Contos e Assombrações do Rio São Francisco (Opará) |
O povo ribeirinho é rico nas estórias que brotam em suas margens. Ao longo de sua trajetória o Rio da Unidade Nacional inspira várias lendas. Destacamos algumas das mais conhecidas.
A LENDA DA ORIGEM DO RIO
Antes da formação do rio, os índios viviam felizes nos chapadões, em varias tribos. Entre esses uma linda mulher, a doce Iati. Era noiva de um forte guerreiro, quando houve um guerra nas terras do norte e todos os guerreiros se foram para a luta. Eles eram tantos que os seus passos afundaram a terra formando um grande sulco. Entre eles se foi o noivo da formosa índia que tomada de saudades pelo seu amado chorou copiosamente.
Suas lágrimas foram tantas que escorreram pelo chapadão despencando do alto da serra formando uma linda cascata e caindo no sulco criado pelos passos dos guerreiros, escorreram para o norte e lá muito longe se derramou no oceano e assim se formou o rio são Francisco.
AS CARRANCAS
A presença das carrancas era marcante na proa das embarcações do São Francisco, do final do século IXX até meados do século XX. As figuras zoantropomórficas, meio bicho, meio gente tem imagem assustadora, mas com o poder de espantar mau-olhado, espíritos brincalhões, azar e assombrações, de acordo com os moradores locais. Eles também contam que as carrancas também eram capazes de afastar jacarés, que na época habitavam o rio, e outras coisas ruins.
Os navegadores, movidos por interesses comerciais, buscavam carrancas cada vez mais originais e bem trabalhadas, o que pode ter estimulado a confecção e o desenvolvimento dessa arte no São Francisco.
LENDA DA MÃE D’ÁGUA
Espécie de sereia que vive no Rio de São Francisco. Para os barqueiros, o rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos. Neste momento, o rio pára de correr e as cachoeiras de cair. Os peixes deitam-se no fundo do rio, as cobras perdem o veneno e a Mãe-d’Água vem para fora, procurando uma canoa para ela sentar-se e pentear seus longos cabelos. As pessoas que morreram afogadas saem do fundo das águas e seguem para as estrelas.
Os barqueiros que se acham no rio à meia-noite, tomam todo o cuidado para não acordá-la. Se um barqueiro sente sede, antes de pegar a água do rio, joga nela um pedacinho de madeira. Se ele fica parado, o barqueiro espera, porque não convém acordar o rio: quem o fizer, poderá ser castigado pela Mãe-d’água, pelo Caboclo-d’Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados, que não podem alcançar as estrelas.
LENDA DO MINHOCÃO
Serpente gigantesca, fluvial e subterrânea, vivendo no Rio São Francisco e varando léguas e léguas, por baixo da terra, indo solapar cidades e desmoronar casas, explicando os fenômenos de desnivelamento pela deslocação do corpanzil. Escava grutas nas barrancas, naufraga as barcas, assombra pescadores e viajantes. É a replica da boiuna, sem as adaptações transformistas em navio iluminado e embarcação de vela, rivalizando com o barco-fantasma europeu. O minhocão é um soberano bestial, dominando pelo pavor e sem seduções de Mãe-d’Água ou sereia atlântica.
Saint-Hilaire registrou o minhocão em Minas Gerais e Goiás, tentando a possível identificação científica fixou o depoimento dos barqueiros do São Francisco, em fins do século XIX: “É um bicho enorme, preto, meio peixe, meio serpente, que sobe e desce este Rio em horas, perseguindo as pessoas e as embarcações; basta uma rabanada, para mandar ao fundo uma barca. Às vezes toma a forma de um surubim, de um tamanho que nunca se viu; outras, também se diz, vira num pássaro grande, branco, com um pescoço fino e comprido, que nem uma minhoca; e talvez por isso é que se chama o minhocão.”
LENDA DO SURUBIM BEIJADOR
Maria Anália era uma cabocla que morava em um vilarejo as margens do Rio São Francisco, a Ilha do Jegue, e vivia com um cabra muito ciumento. Numa noite de lua cheia ela foi violentamente espancada por seu companheiro, que a deixou com o rosto completamente desfigurado. Desceu para o quintal da sua casa, por onde passava o Velho Chico, esquivou-se com dor e dificuldade e começou a lavar o rosto. Não aguentando de tanta dor, com muita raiva, desejou que tudo de mau pudesse acontecer ao seu companheiro, naquela noite. Entre a raiva e o desejo de vingança adormeceu à beira do rio, com os respingos das ondas tocando levemente o seu rosto dorido. Foi despertada com um beijo de um imenso serubim que ao acariciá-la, lentamente, as marcas da violência em seu rosto foram compleramente desaparecendo.
E o que é pior (ou melhor), ao voltar para casa encontrou seu companheiro morto na cozinha engasgado com uma espinha de surubim que preparara horas antes de ser espancada. Até hoje os homens da beira do Rio tratam suas companheiras com muito amor e paixão e quando tem alguma desavença, a menor que seja ela, não há surubim nas refeições durante todo o dia.
O Surubim Beijador, vez por outra é visto pelos pescadores. Ele costuma fazer acrobacias em frente ao porto de Penedo em noites de lua cheia.
O GRITADOR
Dizem que um vaqueiro foi vaquejar numa Semana Santa, na sexta-feira Santa desapareceu juntamente com a rês e a montaria. Vive hoje a gritar aboiando, seja de dia ou de noite. Virou assombração e é comum ouvi-lo aboiar pelas caatingas. Nas noites de sexta-feira santa além do aboio ouve-se também o tropel do cavalo, o latido do cachorro e o chocalho da rês.
O RIO DORME
Há uma lenda em todo o Rio São Francisco sobre o sono do rio.
A meia noite as águas adormecem, o rio se aquieta por alguns minutos, e todos os seres de suas águas adormecem. Nesses poucos momentos não se pode despertá-lo, pois acordado as águas se enfurecem virando as canoas e inundando as terras. Não se deve, portanto desrespeitar o leve sono das águas. Quando o rio dorme as almas dos afogados se dirigem para as estrelas, a mãe d’água sai e se senta nas pedras no meio do rio e enxuga os longos cabelos, os peixes param no fundo do rio, as cobras perdem o veneno. Se alguém despertar o rio as águas ficam tulmutuadas e bóiam todos os cadáveres dos afogados e não há quem possa navegar.
O NEGO D’ÁGUA OU CABOCLO D’ÁGUA
É forte, moreno, vive nas águas do Velho Chico. Costuma ficar nas proas das canoas, nas coxias das barcas e proas dos vapores,
fazendo um animado batuque. Usa um colar e gosta de pedir fumo às pessoas. Carrega as moças para o fundo do rio e os
marinheiros para servi-lhe como escravo. Tem uma voz bonita, encantando a todos com o seu canto.
A PISADEIRA
De acordo com esta lenda, Pisadeira é uma mulher de aparência assustadora. Ela e alta e magra, possui unhas grandes em dedos compridos e secos, olhos vermelhos e arregalados, nariz comprido para baixo e queixo grande. De baixa estatura, a Pisadeira é também descrita com cabelos brancos desgranhados. Seu olhar transmite algo de maligno, assim como suas gargalhadas que mostram seus horríveis dentes verdes.
Como age a Pisadeira
De acordo com a lenda, a Pisadeira passa grande parte do tempo nos telhados das casas. Ela fica observando o movimento dentro das casas. Após o jantar, quando alguém vai dormir de barriga cheia ela entra em ação. Sai de seu esconderijo e pisa no peito da pessoa, deixando-a em estado de paralisia. Porém, a vítima da Pisadeira consegue acompanhar tudo de forma consciente o que traz grande desespero para a pessoa, pois nada consegue fazer para sair da situação.