CARNAVAL DE 2019
SINOPSE DO ENREDOFloresta da Tijuca, Onde Se Viu Nascer a Minha Flor! |
Bem no seio da nossa cidade maravilhosa, entre prédios, barulhos e o caos de uma grande metrópole, sobrevive um enorme manto verdejante.
Exuberante por si só, no ondulado de grandes montanhas, existem cachoeiras, mirantes e diversas espécies de plantas, árvores e animais. O Verde é tão intenso, que nos faz encher de orgulho em ter esta obra divina bem no quintal de nossos lares no Andaraí.
Somos visitados constantemente pelo vôo de suas aves e borboletas, pelos gestos engraçados dos saguis e vigiados constantemente pelos olhares sinistros das capivaras e o rastejar de suas cobras. Somos a moldura que envolve essa aquarela realista, pois fazemos parte da Floresta da Tijuca, onde a Flor da Mina faz a sua morada, nascida e criada!
Anauê Tijuca – terra dos Tupinambás
Sobre os olhares de Tupã, se viu nascer bem no ventre da cidade do Rio de Janeiro uma floresta tropical batizada de Floresta da Tijuca.
De cada conto que um povo contou, surgiu a mitologia do Ita Anhangá (A pedra do mal), deus indígena, que afugenta os invasores. Temido e respeitado pelos índios, é invocado em rituais de pajelança para proteger a floresta dos seus predadores. Tem como mensageiro a coruja, que leva clamor ao céu de Tupã.
Mata dos Índios Tupinambás, da Serra dos Cariocas, rica por sua biodiversidade, faz jorrar de seus seios fontes de águas cristalinas.
Ora pois!!! Chegamos, é o início da exploração.
Com a vinda da Família Real Portuguesa, a colônia ganha status de capital da nobreza. Com a fidalguia instalada, veio a exploração da mata em busca de riquezas. Sua biodiversidade atraiu os olhares da cobiça, sofrendo com a extração da madeira para carvão, matéria prima para as olarias e a monocultura do café e cana de açúcar, principais fontes de renda dos barões da época da colonização.
Fontes secas na Serra da Carioca e no Alto da Boa Vista. Com a devastação causada pelo progresso, a capital sofre com abastecimento de água e se torna comum o vai e vem de pessoas transportando latas d’água na cabeça para o consumo.
Dom Pedro II ordena o reflorestamento, já!
O Imperador deu a missão de reflorestar ao Major Archer da Polícia Militar, que utilizou mão de obra escrava para plantar e cultivar mais de 100 mil espécies de mudas nativas da Mata Atlântica… Do Major para o Barão D’Escragnolle.
A Floresta ganha paisagismo e contornos de parque, com fontes, lagos e área de lazer… Abram os Portais da Floresta pro povo ver o lindo Verde da Mata Atlântica.
Surge o Parque Nacional do Rio de Janeiro pelo decreto de João Goulart, presidente do Brasil… unindo as Florestas Protetoras da União de Tijuca, Paineiras, Corcovado, Pedra da Gávea, Trapicheiro, Andaraí, Três Rios e Covanca… É o Maciço da Tijuca em união! Logo depois virá o Parque Nacional da Tijuca e é considerado pela UNESCO, a Reserva da Biosfera Mundial.
Vamos visitar o Parque, vamos descobrir seus mistérios, fazer um piquenique, respirar fundo o ar puro que esta floresta emana… temos em nossa floresta encantada: A Vista Chinesa, o Cristo Redentor; a própria Floresta da Tijuca e Pedra Bonita/Pedra da Gávea (rampa de vôo).
Eh Favela!
Aos poucos as encostas foram dando moradia aos pobres advindos de todos os lugares do Brasil, desde dos recém libertados das senzalas, os coitados do êxodo rural, as vítimas da grande desigualdade social dos dias de hoje… dos estuques aos tijolos, das rampas de terra batida as escadarias improvisadas, dos becos as ruas projetadas, a Favela chegou e impôs uma nova paisagem… são os quilombos contemporâneos, as tribos “tecnoimprovisadas”.
Mas a nossa Floresta é a marca de nossa cidade, a saúde do povo Carioca, um orgulho do Brasil inteiro. Preservar e cultivar para ofertar ar puro a nós e para nossas futuras gerações. Está nas entranhas desta Floresta a nossa história mais verdadeira. A Flor da Mina nasceu entre suas pedras, aos pés de uma fonte limpa, bem no Andaraí, onde o Partido Alto fez seu mais alto som para ecoar entre as árvores da Maior Floresta de Mata Atlântica em área urbana do Mundo. Vamos festejar este privilégio e parabenizar os benfeitores de sua linda história.
FLORESTA DA TIJUCA… Onde se viu nascer a nossa Flor!
Roteiro do desfile:
1º Setor: “ANAUÊ TIJUCÁ”
Neste setor vamos passear na Floresta da Tijuca, na sua fase anterior a colonização. Terra habitada pelo Índios Tupinambás, exuberante mata virgem de grande riqueza natural e biodiversidade.
1- Anauê = Salve, olá (tupi) / Tijucá = Lama, Mangue (Tupi)
2º Setor: “Ora ora pois pois… Chegou o Colonizador”
A colonização e a Exploração de nossas reservas naturais serão citadas neste setor… A Mão de obra Negra escravizada, comandada por Barões, cultivaram Café e Cana de Açúcar tornando o Rio de Janeiro um dos principais estados produtores do Brasil. A maior devastação também foi acentuada pela exploração da madeira para Carvão…
Muda o cenário natural, sumiu o Índio, animais entram em extinção, o verde exuberante perde o lugar para os vales sombrios da devastação e Senzalas da escravidão.
3º Setor: “Farta d’água na casa dú Sinhô”
Com a devastação, não demorou muito para Cidade sofrer com a seca de fontes hídricas e aí veio a falta de água potável. Sem água pra beber o Imperador ordenou a Reflorestamento. Sob o Comando Major Archer, escravos e colonos plantaram 100 mil mudas entre nativas e importadas… formando assim em 13 anos a maior Floresta de Mata Atlântica do Brasil e do Mundo.
4º Setor: “O Parque, Ideia é do Barão”
Do Major Archer para o Barão d’Escragnolle veio o Paisagismo transformando a floresta em parque, com Açudes decorados, áreas para Lazer, Lagos, Jardins e Mirantes.
5º Setor: “De decreto em decreto sou o Parque Nacional da Tijuca”
Reunindo o Andaraí, Trapicheiros, Paineiras, Corcovado, Gávea Pequena, Três Rios e Tijuca ao Maciço da Tijuca, Presidente João Goulart decreta a Fundação do Parque Nacional do Rio de Janeiro. Foi abertura para diversas conquistas, logo depois se tornou o Parque Nacional da Tijuca com a incorporação do Parque Lage, Serra dos Pretos Forros e morro da Covanca.
A Maior Floresta de Mata Atlântica do Mundo em área urbana é reconhecida pela sua Biosfera através da Unesco.
6º Setor: “Abram os portões, venham por estradas, por trilhas, a pé ou de Bike”
Vamos passear, curtir, mergulhar, voar, banhar-se em suas águas cristalinas. A Floresta da Tijuca tem paisagens de orgulhar até quem não mora no Rio de Janeiro. Reúne as imagens mais belas de nosso cartão postal, tais como Cristo Redentor, sai de dentro dela o bondinho para Lapa, Mesa do Imperador, Pão de Açúcar, Cascatinha, Pedra da Gávea, Pico e Montanhas esverdeadas.
Passar um dia em contato com a natureza e mirar animais dos mais mansos aos mais misteriosos. Vamos nos energizar em seu equilíbrio espiritual legado deixado pelos povos indígenas e bem recebido pelos Africanos Escravizados com seus rituais.
Tanta coisa pra se fazer, é assim que é a nossa Floresta!
7º Setor: “Samba na Floresta, morada da minha Flor”
Nas encostas da Floresta rola samba, funk e as artes criativas das favelas. O processo de favelização das encostas, ao final da Escravidão, trouxe uma transformação estética a paisagem da Florestas… barracos que se equilibram uns sobre os outros, becos, vielas, valas, obras concretadas, pipas, roupas no varal, fios e canos se entrelaçando.
Numa dessas comunidades nasceu a nossa Flor… além de sua beleza estonteante entre as pedras de uma Mina, a Flor trouxe o batuque das caixas e dos surdos para ecoar dentro da Floresta o samba, o partido alto e canto das cabrochas. Nasceu no Andaraí a Flor da Mina, Flor nativa da Floresta da Tijuca.
Então, este é o nosso carnaval, vamos exaltar com orgulha a Nossa Floresta Encantada… O Parque Nacional da Tijuca!
Fábio Batista