CARNAVAL DE 2019
SINOPSE DO ENREDOLinear Histórico na Africanidade Meritiense |
O G. R. E. S. INDEPENDENTE DA PRAÇA DA BANDEIRA, tem o orgulho de apresentar o Enredo “Linear Histórico na Africanidade Meritiense” . É um mergulho nas nossas raízes cantando para todos a importância do negro no desenvolvimento da Cidade de São João de Meriti.
A participação dos negros no Brasil Colonial aconteceu a partir do momento em que a experiência colonial portuguesa estabeleceu a necessidade de um grande número de trabalhadores para ocuparem, em princípio, as grandes fazendas produtoras de cana-de-açúcar. Tendo já realizada a exploração e dominação do litoral africano, os portugueses buscaram nos negros a mão de obra escrava para ocupar tais postos de trabalho.
A escravização dos africanos moldou profundamente a sociedade brasileira. Culturalmente, a presença africana influenciou a cultura brasileira em diversos aspectos: música, culinária, idioma etc. Além disso, impôs um forte preconceito racial, que reflete ainda no século XXI e que necessita de medidas para atenuar os contrastes sociais existentes.
Vou seguir o caminho da luz
Que vai me conduzir
A um novo caminhar
Orgulhoso, vou cantar, sambar e ser feliz
Pisa forte na avenida
Minha Escola tão querida
Como é bom ver a felicidade
Meu povo orgulhoso novamente
Com a nossa Independente
Povo diz em lágrimas:
“ – Vou semear com carinho e orgulho
Essa linda semente
Que vai dar frutos novamente”
É magia, é encanto a história que a minha Escola vem contar.
De longe a natureza tão bela encantou a nobreza e despertou na princesa o interesse pelo lugar.
Quando os portugueses aqui chegaram, conduzidos pelo delírio da princesa que avistou de longe o manto de Nossa Senhora nas sinuosas curvas dos morros da Baixada Fluminense (atual Morro do Carrapato). Os portugueses não sabiam das possibilidades de riqueza na região e logo começaram a explorar o local.
A cidade que hoje é São João de Meriti era conhecida inicialmente como São João Batista de Trairaponga e São João Batista de Meriti tem como origem as sesmaria doadas em 1568 a Brás Cubas, provedor da Fazenda Real e das Capitanias de São Vicente e Santo Amaro.
Com a descoberta das terras próximas ao Rio Meriti (Freguesia de Meriti), surgem extensos canaviais que abasteciam os engenhos tocados pelo braço escravo. As culturas da freguesia de São João de Meriti, mantidas pelo esforço físico do negro escravizado, prospera e transforma essa região numa área de intenso movimento industrial com engenhos de açúcar, farinha, aguardente e “fábricas de barro”.
O Rio Meriti escoa livremente o produto das lavouras que rende verdadeiras fortunas aos senhores da terra.
As terras de Meriti passam a ter uma importância comercial sendo elevado à categoria de Vila. Cortada com rotas que se dirigiam às minas a partir do Rio de Janeiro, e eram estrategicamente localizadas entre os caminhos do ouro. Em meados do século XIX, atinge o seu mais alto ponto de desenvolvimento, mas, a descoberta de novas minas de ouro em Minas Gerais as terras são cortadas pela Estrada de Ferro Rio D’ouro. O rio Meriti deixa de ser navegável e o povoamento segue o roteiro da linha férrea. A devastação das matas e consequente obstrução dos cursos fluviais favorecem a formação de alagados propagando a malária e como consequência o abandono das terras assoladas.
O reerguimento ocorre com a construção da Linha férrea Auxiliar, que trouxeram consigo novas possibilidades de progresso. Outros fatores de desenvolvimento para a localidade, anos mais tarde, resultaram do saneamento da Baixada Fluminense e da construção da rodovia Rio-Petrópolis
No início da colonização, os portugueses enfrentam a resistência de várias tribos em todo Rio de Janeiro. Porém, por volta de 1540, eles se aliam aos tupiniquins. O náufrago português João Ramalho, que há anos vivia com a tribo, ajudou na aproximação.
Brás Cubas, representante da Coroa Portuguesa, responsável por explorar a região de Meriti, tenta promover a colonização escravizando os nativos.
Com a ajuda de tupiniquins catequizados, os portugueses enfrentam os tupinambás.
A região da Baixada Fluminense pode ser representada por “mosaicos da escravidão”, haja vista os diferentes grupos de procedência africana que são identificados na documentação de época. É possível afirmar que a maioria esmagadora dos escravos que foram trazidos para a região durante o período colonial foi de origem Bantu, principalmente de Angola, entretanto, também se pode identificar várias outras nações africanas como Congo, Benguela, Cabinda, etc.
Sua história surge em meados do século XVII, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. Construída por mãos escravas
As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real.
Em 1886 suas terras são cortadas pela Estrada de Ferro Rio D’ouro. O rio Meriti deixa de ser navegável e o povoamento segue o roteiro da linha férrea.
Sua construção começou com a doação de 30 contos de réis e mais a pia batismal feita pela Princesa Isabel.
No local foi erguida uma capela e a Igreja começou a ganhar os contornos de uma Matriz com a chegada dos franciscanos.
Importância dos negros na construção da igreja matriz foi de fundamental relevância, pois foi de tijolo por tijolo, pedra por pedra que o negro escravizado construiu a igreja da Matriz que virou referencia de fé.
FORMAÇÃO DOS QUILOMBOS
Com as Freguesias, montou-se a base de ocupação inicial da região no período colonial. Seus núcleos, invariavelmente às margens de um rio, eram formados por uma Igreja Matriz, por pequeno comércio e oficinas e por um porto responsável pelo transbordo da via terrestre para a via fluvial e vice-versa, das mercadorias que circulavam entre o litoral e o planalto. A religião estabelecia justificativa universal que ia desde o nome da Freguesia até as relações escravistas. Assim, Nossa Senhora do Pilar de Iguaçu, São João de Meriti, São Nicolau de Suruí, Santo Antônio de Jacutinga, Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu e Nossa Senhora de Marapicú, mais do que a mistura de nomes se santos católicos com nome de lugares indígenas constituíram a sede administrativa, social e ideológica demandada pela produção escravista.
Na região da Baixada Fluminense ocorreu um intenso processo de resistência escrava, sobretudo através da fuga e da formação de quilombos. Os escravos fugidos comumente se refugiavam em quilombos, que eram dificilmente capturados, devido os pântanos da região, que no período das cheias quase se transformava num enorme rio pelo transbordo das águas, favorecendo a fuga de possíveis expedições repressoras. Os quilombolas costumavam viver de um comércio de lenha que era utilizada para abastecer a Corte. Como não poderiam comercializar pessoalmente, vendiam a lenha para os taberneiros, que serviam como atravessadores. Estes sempre quando possível advertiam os quilombolas com informações de possíveis represálias, de forma que pudessem manter seus interesses. Assim, constituía-se uma importante rede de proteção que contribuía decisivamente na resistência escrava que ocorreu na região. A economia dos quilombolas baseava-se na caça e pesca, em produtos excedentes da agricultura de subsistência e no extrativismo.
NA BAIXADA FLUMINENSE
A migração nordestina para o estado do Rio de Janeiro se concentrou da região metropolitana fluminense, e se deu continuamente a partir da década de 1950. No auge da industrialização, entre as décadas de 1960 e 1980, passaram a migrar para a região Sudeste em busca de melhores condições de vida e trabalho.
Filho de ex-escravo, muito rebelde desde sua infância foi encaminhado a marinha que naquele tempo era vista como uma instituição disciplinadora. Em 1895 João Cândido passou a integrar a Companhia do Corpo de marinheiros Nacionais no Rio de Janeiro. Em pouco tempo foi promovido a cabo, fato pouco comum entre os praças, mas em seguida foi rebaixado por mau comportamento.
Para aprender a lidar com a nova embarcação que o governo brasileiro havia adquirido muitos marinheiros entre eles João Cândido fora enviados a Inglaterra.
Esta viagem foi marcante para ele, pois lhe possibilitou vivenciar a avançada organização e tecnologia da Marinha inglesa que em nada se parecia com a brasileira, além do forte movimento sindical os marinheiros ingleses.
Os marinheiros passaram a questionar o conjunto de leis a que estavam submetidos e que regulamentavam a disciplina na marinha, tais como: submeter os praças a disciplina especial que forem de má conduta habitual e punir com prisão a ferro na solitária, a pão e água por três dias e 25 chibatadas.
João Cândido sempre exerceu influência sobre a marujada e neste momento de insatisfação essa influência ficava mais forte, o que foi notado pelo governo federal.
O então presidente Nilo Peçanha em 1910 convocou -o para uma audiência com o objetivo de transforma-lo em aliado. O encontro foi inútil, pois João Cândido não se tornou um aliado do governo e este não suspendeu a chibata como forma de punição as faltas graves.
A situação ficava cada dia mais insustentável, os praças começaram a ameaçar os oficiais, deixando claro o estado de desacordo: “ninguém é escravo de oficiais e chega de chibatado, Cuidado. Mão Negra”.
CASA DA FORÇA SUSTENTADA POR XANGÔ
Mãe Aninha, originária de Salvador, Bahia, fundou essa casa de Xangô no Rio de Janeiro nos idos de 1896.
O primeiro terreiro de candomblé na cidade teve na Pedra do Sal seu local de origem. Segundo Augras e Santos, “Mãe Aninha em sua primeira viagem ao Rio de Janeiro já “botou Iaô” (ou seja, procedeu a algumas iniciações) em casa de uma senhora baiana que morava na Pedra do Sal.
Mãe Aninha consagrou a primeira filha de santo no Rio de Janeiro, Tia Conceição, do Orixá Omulu. Ela seria personagem fundamental para, depois de passar por vários endereços, a fixação do Ilê Axé Opô Afonjá em Coelho da Rocha, no município de São João de Meriti.
Em 1947, pela força de Xangô, Tia Conceição e Mãe Agripina iniciaram as obras do Terreiro em Coelho da Rocha. Teve início então a construção do atual barracão e dos quartos dos orixás, que foram concluídos em 1950.
Há quatro gerações desde a fundação do Ilê Axé Opô Afonjá, no Estado do Rio de Janeiro: de 1886 a 1935, “Mãe Aninha de Sàngó, Oba Bíyí; de 1935 a 1966, Mãe Agripina de Sàngó, Oba Déyí; de 1967 a 1989, Mãe Cantu de Sàngó, Aira Tölá; de 1989 até o momento em que produzimos este documento, Mãe Regina Lúcia de Yemöjá”.
Sempre que se fala em escravidão, vem à mente a cena do negro, acorrentado, vindo para a América nos navios negreiros do século 17 e 18. Naqueles dias, durante o processo de invasão e dominação dos territórios africanos e americanos, esse era o grande negócio. Usar as pessoas como mão de obra barata para a acumulação de riqueza. Portugal e Espanha desbravaram os novos espaços, destruíram as comunidades existentes e implantaram o saque.
O tempo passou e a escravidão virou apenas tema de filme e romance, como se fosse uma mera lembrança do passado. Ledo engano. Nas entranhas do mundo, essa prática de vileza seguia sendo usada. Ainda assim, sempre foi combatida pelos movimentos de direitos humanos e não são poucos os episódios de “libertação” que são empreendidos em fazendas ou empresas.
FREI DAVI E FREI TATÁ – PRÉ VESTIBULAR
O objetivo geral da EDUCAFRO é reunir pessoas voluntárias, solidárias e beneficiárias desta causa, que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres em geral, nas universidades públicas, prioritariamente, ou em uma universidade particular com bolsa de estudos, com a finalidade de possibilitar empoderamento e mobilidade social para população pobre e afro-brasileira.
MISSÃO
A Educafro tem a missão de promover a inclusão da população negra (em especial) e pobre (em geral), nas universidades públicas e particulares com bolsa de estudos, através do serviço de seus voluntários/as nos núcleos de pré-vestibular comunitários e setores da sua Sede Nacional, em forma de mutirão.
No conjunto de suas atividades, a Educafro luta para que o Estado cumpra suas obrigações, através de políticas públicas e ações afirmativas na educação, voltadas para negros e pobres, promoção da diversidade étnica no mercado de trabalho, defesa dos direitos humanos, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação.
Carnavalescos: Ricardo Paulino e Walter Guilherme