CARNAVAL DE 2014
SINOPSE DO ENREDOUm Rio de Mar a Mar: do Valongo à Glória de São Sebastião |
Invocação
Sob o axé de Candeia e a proteção de São Sebastião, exaltaremos o povo que se fez transformador de seu destino, de sua cultura e de sua cidade. Cantaremos os encontros da história entre os dois lados do mar, através do canal que os une, a Avenida Rio Branco – aqui retratada como um rio onde navegam dores, sonhos, lutas, prazeres, fantasia e devoção.
Através de seu curso, numa viagem atemporal, idas e vindas de fatos se misturam nessas águas, caminho de mão dupla onde o carioca faz e refaz o seu destino.
De sua condição servil, com seus braços a construir o reverso da dor ao transformar o porto, outrora palco da chegada da escravidão, em um ancoradouro de cheganças, de boas venturas e de esperança.
A grande Avenida que se abriu no início do século XX foi um marco de transformação da cidade e da identidade de seu povo e, no corredor do tempo, serviu de cenário de grandes acontecimentos sociais e políticos do nosso país.
Acima de tudo, esse eixo histórico testemunhou no correr de suas águas a constante modernização de nossa metrópole.
Porém, é o corpo vivo desse povo diverso, o carioca, que homenageamos neste enredo. É ele quem constrói a sua glória diária e infinita.
É ele quem, personificado em cada um de nós, desfilantes da Portela, se banha nessas águas de emoção.
Preparem-se, pois a maré vai subir e o mar da Guanabara vai invadir a passarela do samba, desfilando seu rio azul e branco.
Oh, Mártir São Sebastião! Guiai teus filhos! Livrai-os da tirania, da fraqueza e da falta de fé. Tornai-os para sempre ungidos de luz e alegria.
Rogério Rodrigues
Sinopse
Hoje, a nossa alma canta.
E esse canto ecoa forte e faz a águia da Portela voar. Como versos de Jobim, Rio que se mostra sorrindo: prova de amor que encerra “seu céu, seu mar sem fim”.
E como onda que avança na maré cheia, invade. Vai e vem no fluxo e refluxo da história incessante a se transformar. Um canal que se abre e transborda em um Rio, que nos carrega, que começa e termina no mar.
Rio de janeiro, de fevereiro e março, carnaval!
De Estácio de Sá e de Aimberê, guerreiro de uruçumirim. De luta e invasão a se tornar casa de branco, “carioca”, de um povo que flechado de amor se rende e se reinventa à gloria de São Sebastião.
Rio azul que passa em nossas vidas, a passar. Passado, presente e futuro. Onde o nosso coração se deixa levar. Rio de história que, de mar a mar, nos conta, como contas que nos unem num colar. Rio de fato que nos ata ao porto de suor e sangue, do banzo de Benim, Angola e Congo nos elos da corrente do Cais do Valongo. Da África que veio pro lado de cá.
Rio, rua e boulevard! Abre-se de cima a baixo e bota abaixo becos, vielas e cortiços, para do “lixo” ao luxo se transformar. Rio que nasce e cresce audaz. Rio que se refaz e alcança a bela época. Rio jardim de França, Rio a beira mar: desfila glamour e elegância.
Rio que se ergue monumental, eclética escultura a esboçar a sua vocação, fina estampa de jornais e revistas. Rio em cena: no abrir do pano a orquestra do dia a dia, ópera do cotidiano, capital da arte e da cultura.
Rio que ri, canta e sonha nas ondas do rádio. Divas, reis e rainhas, vozes que embalam a fantasia da festa tradicional. Rio vivo, via que fervilha.
Rio que abre-alas pra folia. Sorrio no Rio de alegria, por onde desfila o carnaval.
Rio que se espraia na praça e onde o povo se encontra, se abraça e, na tela, se projeta em sonhos e emoções. Rio de estrelas, de luz, câmera e ação.
Rio em festa a brindar a vida, a esquecer da lida, na dança das ilusões.
Rio que marcha revolto, de águas passadas, das chibatas a lavar a alma de seus heróis.
Rio que é voz de um povo que quer ser livre e feliz. Rio de chumbo vai “caminhando e cantando e seguindo a canção”, na luta e conquista, caras pintadas, 100 mil na pista. Bravo “coração de estudante” a mudar um país.
Rio a correr e a recuperar o tempo perdido. Rio aguerrido a enfrentar o presente. Desafio de um povo, da gente do Rio, superação. Rio que se levanta e vai em frente, à frente do tempo, desfaz e faz. Rio vida que segue em seu vai e vem, Rio Branco de paz.
Rio, correnteza afã, ida, vinda e volta, ponto de partida para a chegada do futuro. Rio Mar, na onda da arte de construir o amanhã. Rio porto aberto, de mar a mar para o que vier, para quem quiser chegar e amar.
Rio que abre o coração, cor de maravilha.
Rio de amor que se eterniza quando acolhe, aquece, abençoa e batiza as águas da Praça com as águas sagradas da Guanabara.
Seu povo em procissão:
Rufam os tambores da Portela à Glória de São Sebastião
Alexandre Louzada