CARNAVAL DE 2016
SINOPSE DO ENREDOO Arrastão Anuncia: Todo Dia é Dia de Cacique de Ramos! |
No começo dos anos 60 com a ideologia nacionalista inicia-se a radicalização de mudanças sociais a fim de se conscientizar a sociedade em um todo; eclode o movimento da cultura revolucionaria carioca com intuito em desnudar o perfil traçado de um povo mestiço, safado, sagaz, maneiro e de caráter duvidoso que sempre busca a felicidade. Por volta desta mesma época no subúrbio da Leopoldina um grupo de jovens formulava um audacioso projeto – Afinal, não se permitiriam ser catequizados novamente, desejavam sim continuar a fazer o que mais gostavam o Carnaval, e assim começaram a organizar um Bloco Carnavalesco denominado Cacique de Ramos resgatando o Índio como forma de protesto por tudo o que esta emblemática figura representava naquele momento.
Décadas foram passando e a Tribo do Samba crescia cada vez mais ganhando destaque no cenário cultural, principalmente na música por ter impulsionado o “movimento de pagode” que teve seu epicentro na sombra da Tamarineira e se espalhou por todos os subúrbios cariocas durante os anos 80 chegando até a zona sul em meios da década de 90 até virar uma febre nacional que chegou a romper fronteiras.
O tempo foi passando e ano a ano o “Cacique” crescia e insistia em “caçar”a “Onça” em batalhas emblemáticas de confetes e serpentinas que pareciam não ter fim.Com o crescimento da selva de pedra, a cidade foi se transformando fisicamente e as novas regras da sociedade interromperam bruscamente estas batalhas.a “Onça” acuada em sua toca nunca mais visitou a cidade grande e o “Cacique” cercado por arranha-céus limitava-se ao seu “Fundo de Quintal”.
Mas o samba é eterno e sob as bênçãos de Oxóssi Guerreiro o “Cacique”envergou mas não quebrou, manteve acesa a chama da resistência cultural, reinventou-se e com muita luta se fragmentou em diversas festas nos lares das famílias mais simples, em animadas rodas de samba, em batuques sobre mesas de bares, confirmando que a tribo do samba ainda queria apito, sem necessariamente o pau ter que comer!
A moda pegou mesmo e todo dia era dia de Cacique de Ramos, como em um ritual, sempre que possível a “Família” se encontrava para festejar a resistência do povo e celebrar o Samba!
Por mais importante que seja o bloco, e por maior que seja sua força no Carnaval, é o dia-a-dia da quadra que garante a perpetuação, a reafirmação constante e crescente dos valores e das tradições mais fundamentais dos grupos que o Cacique representa e por este motivo foi reconhecido como patrimônio cultural – um bem imaterial!
Salve esta Tribo de Bambas! Em seu jubileu de ouro foi homenageado sendo Enredo do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira; a “Tribo” sempre se reinventará para manter viva a nossa raiz, a nossa essência, afinal sempre seremos “Índios” a espera de catequização ou não.e aí vem a pergunta que não quer calar: Como serão os índios do futuro? Esperem aí. “Vocês já viram índio catequizar? O Cacique catequizou.”
Daniel Ghanem
Carnavalesco