Mocidade Independente de Inhaúma – Sinopse 2016

CARNAVAL DE 2016

SINOPSE DO ENREDO

Optchá! Povo das Estrelas

Mocidade Independente de Inhaúma - Logo do Enredo - Carnaval 2016

 

1º Setor – Místico

Os ciganos são essencialmente ligados a natureza, cultuam o sol, a lua e as estrelas. Amam a terra e peregrinam por todos os rincões do planeta. Eles vêm chegando de longe, vem com sua alegria, com seus mistérios e magia, encantando a todos. Seus símbolos mostram o quão diversa é sua religiosidade, se tornaram conhecidos pela prática da arte de falar sobre a sorte. Ao longo dos tempos se utilizaram de muitos métodos, como bolas de cristal, leitura de mãos, baralho, e etc.

Em todas as tradições, existem crenças e seus símbolos fundamentais, e com os ciganos não poderia ser diferente, sua bandeira, que tem nas cores sua essência: o azul representa o céu, a liberdade e a conexão com o divino, o verde representa a terra, a natureza e o solo e a roda em vermelho sendo o movimento, o ciclo da vida, o fogo que representa a transformação e renovação; além de outros como a coruja, o pentagrama, a âncora, a estrela de Davi, a chave, ferradura, lua, moedas, punhal, a roda, a taça e o trevo.

Para entender a musica cigana deve-se compreender a sua origem étnica, conserva ritos primordiais, desde hinos de canto ritual em sânscrito em honra aos deuses hindus à influência vibrante da música árabe. Durante o êxodo, passaram a adotar a música e os instrumentos dos páises nos quais foram vivendo ao longo dos séculos.

 

2º Setor – Artes e Ofícios

Os ciganos se especializaram nas artes circenses. A vida nômade e a organização familiar das caravanas facilitavam o trabalho, já que precisavam deixar o local e procurar novos públicos. Por onde passavam, encantavam adultos e principalmente crianças. Suas apresentações eram feitas em praças públicas, como saltimbancos.

Entre suas especialidades, incluíam-se o ilusionismo, faziam acrobacias sobre cavalos, os domadores de ursos (verdadeiros ou fingidos, só com a pele por cima de um homem) e outros animais exóticos que atraiam curiosos, os macacos cheios de laços de fitas, que dançavam ao som de pandeiros e faziam graças. Além das tradições europeias, os ciganos adaptavam os números criados às realidades da população local: sempre apresentavam números que atingiam o imaginário popular, carregando a magia e a fantasia de lendas e histórias dos povoados por onde passavam.

Os instrumentos mundialmente mais tocados são: o violino, o acordeom, o clarinete, o baixo, a gaita de fole e o címbalo um tipo de instrumento de percussão, formado por dois pratos de bronze com alça de couro para a mão, que se faz bater um contra o outro.

Os ciganos eram músicos, dançarinos, caçadores, trabalhavam com metais, eram pastores de ovelhas, cabras e camelos, fabricantes de joias como pulseiras, colares e coroas.

 

3º Setor – Diáspora, de onde vem, para onde vão?

A origem mais remota dos ciganos, segundo estudos linguísticos e antropológicos comprovam ser indiana. Além do idioma, prevalecem valores culturais, sociais e práticas religiosas.

Entre as pesquisas mais aceitas sobre a origem, estão aquelas que estudaram o idioma por eles falado, o romano. Foram descobertas muitas semelhanças entre o romano e dialetos de regiões da índia. Comparando a evolução do romano e do hindi, pesquisadores descobriram que tribos se deslocaram do centro da índia para o noroeste em meados do século III A.C.. Permaneceram ali até cerca de 1200, desenvolvendo estudos de astrologia, metalurgia, além de aprimorar conhecimentos como a cartomancia e a quiromancia, artes nas quais se tornaram especialistas.

Ainda segundo os estudos, um grupo de ciganos teria deixado a índia em direção à pérsia e passou pelo Egito. A partir do século IX, as tribos iniciaram sua dispersão, sendo nessa época reportada a sua presença no Irã. Permaneceram muito tempo ali e no império bizantino, principalmente na Grécia, de onde teriam se espalhado por toda a Europa. Afirma-se que um grupo foi para o norte da África, chegando até a Espanha. Há outra teoria que afirma que os ciganos chegaram à Espanha atravessando os pireneus. Em 1500, já haviam se estabelecido em todos os países, inclusive na Rússia.

Assim como os judeus, houve tentativas de unificar o povo cigano em uma nação, mas todas falharam, pois, a diversidade de grupos e clãs ciganos impede que sejam submetidos a apenas um reino. Na idade média, durante a inquisição, os ciganos foram perseguidos em praticamente todos os países da Europa, acusados de feitiçaria e bruxaria. Foram escravizados, expulsos ou deportados da Europa, e em 1574, foram mandados para a África e para o Brasil.

Tiveram um papel importante no comercio de escravos. Isto proporcionou uma maior aceitação e mesmo valorização social dos ciganos, já que exerciam uma atividade reconhecida como útil por grande parte da população. Alguns ciganos tornaram-se ilustres, patrocinando até festividades na corte. Esse momento da história cigana no brasil coincidiu com a ascensão do movimento romântico na Europa que repercutia no Brasil, com a visão de que o cigano era a encarnação dos ideais da vida livre e integrada a natureza.

Com o passar do tempo foi vista, gradativamente, a perda da cultura material. Pois a tecnologia e seus adventos tomaram o espaço que antes pertencia às artes e ofícios. Essa perda tem representado um processo irreversível de assimilação das comunidades majoritarias em relação às suas etnias, mas em tudo sempre tem um lado bom: é inevitável, nos dias atuais encontrarmos ciganos de todos os grupos nas mais diversas profissões: advogados, professores, médicos, comerciantes e empresários.

Optchá, povo das estrelas!

 

Vem de longe do oriente,
De muito tempo,
Sua origem, seu destino são incertos.
Povo nômade seu lar é o mundo,
O céu é seu teto.
Povo da liberdade,
Caminhantes das estrelas,
Pássaros sem asas.
Povo que dança, canta e encanta.
De presença marcante
Chegam com seus violões e violinos,
Palmas em volta da fogueira.
O céu como testemunha,
Sua pátria é o mundo inteiro.
Na alegria e na tristeza,
Celebram a vida.
Místicos, cartomantes, circenses,
Ferreiros, artesãos.
Sob a noite enluarada,
Veste roupas coloridas.
Perfume de rosa no ar,
Feitiço, encanto e magia.
Da natureza retiram energia.
Vinhos, comidas, músicas e orações.
Já sofreram maus momentos
Nas agruras do passado,
Perseguições, preconceito.
Na bandeira a roda, a vida.
Superação não perdem a fé.
Seus símbolos são fortes,
Não quebram tradições.
Salve santa sara protetora!
Vem chegando, vai partindo,
A caravana cigana passando,
Sempre errantes
A jornada não chega ao fim jamais.
Cantando, bailando,
Sorrindo a saudar.
Deixando sua marca onde passa.