CARNAVAL DE 2016
SINOPSE DO ENREDOAha! Uhu! É Festa do Jacarezinho. 50 Anos de Cultura, Arte e Alegria de uma Comunidade |
Chegou o grande dia! Vamos arrumar o salão que uma linda comemoração vai começar! É festa, hoje é o meu dia, é a minha festa. Esperei muito por esse momento: comemorar meu aniversário de 50 anos em forma de enredo, na avenida dos desfiles. Eu, eterna criança, Jacarezinho feliz, quero cantar e sambar com a minha comunidade.
Vim ao mundo durante os “anos rebeldes”, na década de 60. Entre acordes da guitarra dos Beatles, espaçonaves cruzando a imensidão e as flores do tropicalismo eu nascia em 16 de junho de 1966. Sob as bênçãos da fusão dos meus três fundadores: a querida Unidos do Morro Azul com suas cores azul e rosa. A verde e rosa Unidos do Jacaré e o alegre e divertido bloco vermelho e branco “Não tem Mosquito”. Esses são os verdadeiros responsáveis por hoje eu estar aqui, todo prosa e serelepe comemorando o meu aniversário e feliz da vida com as minhas cores rosa, branco e verde. Cores que me deram o apelido de “tricolor suburbano”.
Vai começar a farra, e logo no inicio das comemorações chegam os respeitáveis baluartes homenageando “Exaltação à Frei Caneca” – meu primeiro campeonato. Pernambucano arretado, lutador pela liberdade de sua gente e que é lembrado pela querida Velha-Guarda, igualmente lutadora que tanto vibra com meu desfile.
A decoração do salão é toda inspirada no “O Fabuloso Mundo do Circo”, minha estreia no grupo principal, por isso os recepcionistas que também são apresentadores da minha festa, a nossa comissão de frente se vestem com divertidas fantasias de palhaços.
Os ritmos africanos, vão embalando os convidados que chegam: tem batuque e cantoria com “Banzo- Ayê”, o colorido africano vai se misturando e a saudade vai dando lugar a alegria do nosso samba.
Se “Quem nos faz é o capricho”, “Vai como Pode” ou simplesmente a Portela aparece na festa, um elegante homem, de azul e branco, chamado Paulo Benjamim de Oliveira ou apenas “Paulo da Portela”. Ele que representa o nosso orgulho de existir, hoje se faz presente para nos homenagear. Vamos respeitar o moço, sambista não é vagabundo. Ô quitandeiro grite para todo mundo, que seu nome não pode cair no esquecimento. Pois quem tem um “Passado de Glória” jamais deixará de ser lembrado e reverenciado.
“Geraldo Pereira, a eterna glória do samba” chega trazendo as cores da minha madrinha querida a Estação Primeira de Mangueira e toda a sua criatividade ao compor sambas inesquecíveis. O criador do samba sincopado ou samba do telecoteco que tem mania de brigão, hoje é só alegria nessa festança colorida.
Pausa nos refrigerantes e bebidinhas, “Quente como o inferno, negro como a noite, doce como o amor” é o cafezinho que começa a ser servido na comemoração. “Eu queria, ai como eu queria, ser peneira na colheita do café. Pra ficar dependurado na cintura da mulher.” E assim a festa continua, com muita diversão.
Ele que inovou revivendo sua raça, ele que juntou todos os dias em um único dia de Graça. Sim é “Candeia – Luz da Inspiração” que surge com seu violão inspirado e dizendo “Cantar é a maneira de desabafar, é sorrir pra não chorar. Igualdade e liberdade é natural. Pro negro não mais voltar para o humilde barracão. E para toda humilhação acabar afinal!”. Assim o poeta, pede à todos os convidados para celebrar o nosso dia.
“Parabéns para vocês comunicadores infantis” vocês merecem estar presente nessa comemoração. A presença de vocês é diversão certa, pois já trazem a animação e nas mãos os balões coloridos que lembram mais um grande campeonato. Ainda bem que o meu mapa astral já previa tanta felicidade “Mitologia, Astrologia e Horóscopo – Uma Benção para o Carnaval Brasileiro”. É muita sorte!
Está na hora de recebermos os personagens brasileiros: “Iuru – Pari, a voz da mata”, Jurupari, Curupira, Iara, Boiúna e Norato todos se juntam contra o homem que só pensa em destruir as florestas. E nesse momento, o nosso pindorama é lembrado e a mensagem de preservação é cantada. Vida longa para o folclore do nosso país!
A pista de dança está fervida, e minha balada fica mais animada com “A visita do Jacarezinho ao Reino Encantado de Maria Clara Machado”, dessa vez são os personagens da grande autora que me visitam: A bruxinha que era boa vem brincar comigo. Saí pra lá bruxa má, hoje eu só quero saracotear! E quem sacar primeiro vai levar a melhor pois tem bang bang e faroeste em Tribóbó. Curtindo com meus amiguinhos tentamos em vão encontrar o fantasma brincalhão: “Olha o Pluft aqui, olha o Pluft ali! Um fantasminha na Sapucaí!” Que coisa mais animada essa brincadeira!
“A bateria faz a bossa e a festa é nossa, pode aplaudir. Hoje eu sou “Etnias em Festa na Sapucaí”. O bolinho de bacalhau, o de feijoada e o de tapioca são os salgadinhos da festança. As raças se unem em uma só voz, a festa é nossa e não temos espaço para preconceitos nem distinção de cores e credos. Um grito bem alto para a união do povo brasileiro.
Os personagens de “Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe” surgem trazendo presentes lindos para mim. Tristinho e a simpática Xicória. Chegam também para brincar Gilda e Professor Pirajá. Nossa, quanta emoção em um só dia! São muitos amigos queridos que celebram essa data.
A festa se aproxima do seu ápice, dois ilustres artistas se juntam para fazer um grande show: “Monarco, voz e memória do samba. Um passado de glória”. Ele que vem de Cavalcanti à Oswaldo Cruz, é um ilustre baluarte que veio iluminar a nossa história. O bamba Hildemar Diniz canta “pela estrada dessa vida, eu te conheci ó flor!” E com o mestre poeta da verde e rosa que diz : “O samba agoniza mais não morre. Nelson Sargento da Mangueira e também do Jacaré” fazem um lindo dueto para finalizar essa emocionante comemoração.
Chegamos finalmente, na hora do parabéns! Bolo, docinhos coloridos , chapeuzinhos divertidos, balões e muita animação. Já vejo as lágrimas nos olhos dos nossos convidados e da nossa linda e garbosa velha-guarda. Afinal de contas são 50 anos levando cultura, arte e alegria para uma comunidade batalhadora. Esse momento de festa, não é só meu, é de muitos que lutaram para tudo isso acontecer. Pessoas que venceram todas as dificuldades como os nossos baluartes e fundadores saudosos e todos os amigos que até agora comparecem e colaboram para que o nome Jacarezinho seja sempre lembrado por momentos gloriosos.
Hoje, quando eu passar celebrando os meus 50 anos, vocês vão ver e ouvir atrás do meu último componente um grito forte de alegria! É a minha comunidade festejando essa escola de samba tão querida.
Nesse dia, deixamos as páginas e manchetes de sofrimento e estampamos nos jornais o nosso sorriso de felicidade, nosso rosto de vencedor e o nosso grito de campeão! Salve a Unidos do Jacarezinho! Salve as crianças!
Autor do enredo e pesquisa: Eduardo Gonçalves
Colaboração: Eduardo Pires Nunes