CARNAVAL DE 2018
SINOPSE DO ENREDOMojú, Magé, Mojúbà – Sinfonias e Batuques |
“Eu sou o povo
e sou um homem do povo.
Vejo esse povo que transporto
pros meus quadros como sinto.
Também sou uma parte desse povo,
de forma que o sinto conforme vivo.
Não há nada mais sublime
que viver na massa do povo.
Povo é essa massa humana,
é a voz do sangue,
da forma que é o calor da carne.
O povo pra mim é o aconchego, (…)
eu sou um ovo e o povo é a chocadeira.”
Heitor dos Prazeres
Resistência que a força não cala…
Emoldura Magé em poesias
a imensidão do universo de Olódùmarè.
Vai regendo o rufar dos tambores ancestrais
Um sopro divino segue louvando as realezas africanas…
A majestade “vida” é a rainha do corpo aprisionado e alma liberta
Segue faceira, abrindo o ritual sobre os batuques do povo e as sinfonias da natureza.
Raios de sol bordam em ouro a nobreza e o poder avoengo.
No porto da “piedade” atracam a trajetória dos tumbeiros,
lágrimas negras são o sal do mar.
Sem costuras ou tranças, as abayomis
tecem o encontro precioso e invocam toda a força ancestral,
através de um batuque africano.
Combatendo a dor do ferro que feriu
… dançam e fazem sucumbir sobre a ginga da capoeira
desenhando um Brasil mulato de tantos deuses.
“Senhor, olhai por todos desse chão !!!”
… a cidade dorme e os morcegos sobrevoam a construção de orvalhos.
O galo anuncia o novo amanhecer e rege a sinfonia que inspira,
um mergulho na “fonte do Bento”.
Na festa de São Pedro, as lembranças que vão cortando o mar
são preces à nossa Senhora da Piedade
comungada nas orações do povo
tecendo um manto de expressão popular.
O Magé (feiticeiro) pelos rituais dos tupinambás
revela que e no silêncio das águas
estão os mistérios e os segredos da vida.
Pedras brancas e gaivotas,
semeiam esperança e fé.
À trajetória do missionário,
reflete nas águas cristalinas
a poesia que brota do poço, em um manancial de fé.
No quadro do Brasil cultural é revelada a pintura do Senhor do Bonfim envolto na Mirindiba.
Assentando em brisas pelas corredeiras.
O sacolejar do trem guia a “trilha da história”.
Cachoeiras, grutas, ruínas e cavernas
marejam o olhar de emoções e sensações
refletidas de azul, vermelho e branco.
A Baixada vai vendo o ouro passar …
Entre iguarias, festas, fitas e cachaças …
pescadores, lavadeiras, tropeiros e até viajantes
bordam sobre o chão árido
as cores dos “Prazeres” e sonhos …
O Agbára do povo vai desaguando na apoteose de ilusão…
Dobrando; repiques, tamborins, surdos e pandeiros…
firmando o batuque na colorida chita da mãe Jongueira.
A “inocentes” ( naif ) flâmula de cores e dores,
se faz estandarte mestiço envolto de criatividade.
A alegria do povo em dias de folia
costuram “retalhos” de um visual sonoro
que forma o lábaro; Mojú, Mojúbà –
– nas sinfonias e batuques de Magé
E o povo da baixada, diga-nos o que quer?
Feré – feré no samba cateretê
em uníssono, Magé e Belford Roxo no mesmo axé
afirmam que …
…Querem pemba, querem guia, querem figa de guiné!!!
Glossário
Mojúbà = meus respeitos.
Magé = feiticeiro.
Abayomi = encontro precioso (abay = encontro / omi = precioso)
Agbára = força,
Mojú = saber, conhecer
Pemba = É um pó preparado com diversas folhas e raízes para ser utilizado nos rituais para diversas finalidades. Pode ainda ser um tipo de giz que os guias utilizam para riscar os pontos que os identificam.
Feré-feré = alegremente
Avoengo = Que procede, que se herda ou se obtém dos avós ou antepassados;