CARNAVAL DE 2019
SINOPSE DO ENREDOSer ou Não Ser, Não é a Questão! Sereno é Loucura, Amor e Paixão! |
“É espantoso o brilho do absurdo”
João Silvério Trevisan
O que um dia era tabu. Hoje é… “tá boa”? A pauta da diversidade sexual está na ordem do dia em um mundo que tenta avançar entre a imposição conservadora e a batalha incessante pela liberdade de cada um ser e amar como bem entender. No Carnaval, as transgressões e a liberdade sexual e de gênero são exercidas de forma mais aberta e desprendida. Por isso, acreditamos ser o momento oportuno para apresentarmos um enredo livremente inspirado no famoso livro do escritor João Silvério Trevisan, Devassos no Paraíso, que busca celebrar, em todos os tons e matizes do arco-íris, as dores e as delícias de ser o que é. Quanto mais purpurina e serpentina, melhor!
Nosso desfile começa com uma saudação a Oxumaré, o orixá que traz consigo a marca da ambiguidade. Senhor ou senhora “metá-metá”, meio deus(a), meio humano; meio homem, meio mulher; meio gente, meio serpente, é a mensagem do panteão dos orixás de que não há regras quando o assunto é ser quem de fato se é. Oxumaré é a transgressão, a mobilidade, a impermanência e a vocação que cada um tem de seguir a própria natureza. Arroboboi!
Ao longo da trajetória humana sobre a Terra, muitos são os exemplos de personagens e personalidades-símbolos da diversidade sexual e de gênero – embora muitas vezes alguns tenham sido trancados no armário da história. Em Lesbos, Safo, a poeta grega, vivia a dedicar seus versos às suas musas libérrimas com quem convivia na ilha do amor livre feminino. Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, amava a todos que por ele passasse, sem distinção de gênero (mas com uma pequena predileção pelo bravo Hefestião. Sem falar de Calígula, senhor da Roma de todos os prazeres, do poderoso rei inglês Ricardo Coração de Leão, e até mesmo do pai da dramaturgia, William Shakespeare, cuja caveira que sempre acompanha um dos seus mais famosos personagens – Hamlet – confessava a mente liberta e inquieta do autor. Ser ou não ser… tudo apenas uma questão de oportunidade.
Já no Brasil, nos anos 70, o desbunde ganhou as telas, as rádios e os corpos de quem queria abrir as asas, soltar as feras e cair na gandaia. Grupos musicais transgressores como Secos e Molhados e de muitas artes como as Dzi Croquetes escandalizaram a sociedade careta tupiniquim então vigiada pelos olhos reacionários da ditadura civil-militar. Atualmente, a luta pelos direitos reúne diversas letras e cores em paradas e movimentos neo-político-carnavalescos-psicodélicos-tropicais com as armas da alegria que traduzem o real sentido do que chamamos de diversidade. Afinal, qualquer maneira de amar vale a pena. O ódio, a gente deixa pra quem tem.
Carnavalesco: Lucas Milato