G.R.E.S. ALEGRIA DA ZONA SUL |
Sinopse 2005 |
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Alegria da Zona Sul tem o prazer e a honra de apresentar este ano o Teatro Rival como tema enredo. O Teatro Rival é um sobrevivente. Ao completar 70 anos torna-se o teatro particular mais antigo de nossa cidade. Enfrentando fases de sucesso e de fracasso, o grande mérito da construção de sua historia foi sempre ter conseguido encontrar alternativas para contornar as dificuldades e nunca deixar seu palco vazio. São praticamente 70 anos de atividades ininterruptas, ficando de fora apenas os períodos em que estava em obras ou reforma. A casa foi inaugurada em 1934, com a comédia "Amor", e é este o sentimento que vem direcionando sua trajetória. Durante muitos anos foi palco de comédia, tornando tradicional no gênero do "teatro declamado". Em meados da década de 50, os rumos do teatro foram redirecionados para o "teatro de Revista", que se encontrava em sua época de ouro. O glamour, a purpurina as belas mulheres renderam inúmeras montagens do gênero. O Rival foi um dos últimos redutos do teatro de revista, mesmo quando este já se encontrava em decadência, graças à tradição construída pela casa. Os anos 60 foram anos difíceis para o Brasil. As artes foram fortemente afetadas com as restrições impostas pela censura militar. Com a proibição de esquetes políticos e do improviso espontâneo, começou-se a explorar mais a beleza, a sensualidade e o erotismo das mulheres. O resultado foi o que se chamou de "teatro rebolado". Em 1970 o teatro foi comprado por Américo Leal (pai de Ângela Leal). Neste período o centro da cidade virou um canteiro de obras com a construção do metrô e o Rival ficou entrincheirado em meio aos canteiros e tapumes. O acesso tornou-se difícil e a Cinelândia enfrentou um período de abandono. O centro da cidade era tomado por "inferninhos", prostíbulos, boates e cinemas pornô. O Rival, num golpe de sobrevivência abrigou durante alguns anos, shows de travestis c transformistas que, de uma maneira ou de outra mantinham o teatro em funcionamento e o "gênero musical" vivo, num período em que estava prestes a agonizar. Em 1974, o teatro é arrendado por empresários espanhóis, que intencionam transformá-lo em boate, bar e restaurante. Seria o fim do Rival. A classe artística mobilizou sociedade e autoridades em defesa do Rival, e após muitas discussões ficou acertado que o teatro seria transformado em Café-Concerto sem deixar de ser uma casa de espetáculos. Em 1979, o teatro retorna às mãos da família Leal. Tendo agora a atriz Ângela Leal, filha do proprietário, à frente do negócio. Ângela tinha planos de retomar a tradição do teatro de revista e do teatro musicado que construíram sua história, a que faz renascer o gênero. Os espetáculos foram sucesso de crítica e de público, mas o gênero estava em franco declínio, e era preciso encontrar alternativas para o Rival se manter ativo; era urgente e necessário traçar estratégia de sobrevivência. Foi então que a música surgiu como tábua de salvação. A proposta era valer-se da peculiaridade de o Rival ser praticamente o único teatro com mesas e serviços de bar e restaurante na cidade. E a transição do teatro para casa de shows resgatou a situação agonizante em que se encontrava. Tendo a música como seu novo pilar de sustentação, o Rival foi reconquistando seu público, construindo sua nova identidade e se consolidando como palco obrigatório no roteiro de shows de grande parte de artistas da música brasileira, lhe rendendo inúmeros prêmios. Hoje, o teatro segue abrigando o brilho dos artistas independentes, nas graças do povo. O Teatro Rival manteve com dignidade a cultura do Rio de Janeiro, e porque não dizer, do Brasil. Pois a construção de sua historia foi toda estruturada na capacidade de manter-se vivo e ativo; abrigando de peças teatrais, à música, ou à dança: abrigando a arte, pois a arte está acima dos gêneros. O que o espectador deseja é ser lançado ao fantástico mundo da imaginação que só a arte é capaz de nos conduzir. Agradecimentos a Micaela Góes, por fonte de pesquisa. Oswaldo
Luiz, Carlos André e Marco Antônio |