G.R.E.S. ALEGRIA DA ZONA SUL |
Sinopse 2008 |
Alegria, Alegria espero que nesse Carnaval todos tenham muita Alegria!
Produzi filmes, espetáculos culturais, fui grande admirador da Música Popular Brasileira, e colecionei inúmeros amigos. Tive grandes paixões e deixei um grande legado para o carnaval. Nesse momento quero mostrar um pouco da minha vida, do meu trabalho. Espero que vocês gostem. Afinal a minha vida que sempre foi de alegria, será da ALEGRIA DA ZONA SUL.
1 – A CARA DO RIO Carlos Drumond de Andrade meu grande amigo, costumava dizer: “O Mar Desenha o Rio de Janeiro” para exaltar sua beleza natural e o lindo contrate entre o mar e as montanhas. Bem, nasci em 23 de setembro de 1933 no Pró-Matre da Praça Mauá, tive a sorte de ser concebido nessa Cidade linda, maravilhosa. Sou filho de Albino de Mesquita Pinheiro e Elza Maria Coelho Pinheiro, que tiveram ao todo sete filhos. Pela ordem cronológica: Elza, Albino, Cláudio Luiz, Amaury, Heloiza Maria, Fernando e Paulo todos Coelho Pinheiro, todos cariocas. Como bom carioca comecei nos blocos de sujo em Laranjeiras, desfrutei da boemia, do samba, e do futebol. Herdei a veia artística meu tio Custódio Mesquita que foi um dos grandes compositores da Música Popular Brasileira. O tempo foi passando e me formei em Direito em 1957 pela Universidade do Rio de Janeiro. Outro grande amigo o Jaguar me classificava como “mulatólogo”, coisa de gênio.
2 - O AGITADOR CULTURAL A cultura sempre me acompanhou, dediquei grande parte da minha vida a projetos que visavam oferecer cultura ao povo, trabalho que me dava muita Alegria, nunca me conformei com a divisão social, fraseando o poeta: “O Povo não que só comida, ele que diversão e arte”. Entre as décadas de 70 e 90 dirigi inúmeras peças teatrais, programas de rádio e de TV. É difícil encontrar alguma forma de manifestação de cultura popular no Rio de Janeiro nessa época que não tenha minha participação como vocês poderão ver a seguir. Em fevereiro de 1965 fundei a banda de Ipanema na qual fui presidente até 1999. A Banda foi responsável pelo ressurgimento do carnaval nas ruas da Zona Sul da cidade, em um primeiro momento e, em seguida, por toda a cidade, pelo estado. Com o tempo pelo país, reproduzindo o seu modelo de desfile. Sua identificação fundamental como espaço único de expressão democrática marcou e marca, ainda, sua presença no cenário cultural da cidade. A Banda de Ipanema tornou-se o primeiro bem imaterial tombado no Rio de Janeiro, em janeiro de 2004. Outro grande projeto cultural da cidade nasceu da sugestão que dei ao amigo Hermínio Bello de Carvalho de aproveitar o horário das 18:30 h nos teatros carioca, com show de Música Popular Brasileira. Assim em agosto de 1976 surge o Projeto “Seis e Meia” em que se afirmaram a Música Popular Brasileira, seus intérpretes e compositores. Criei e apresentei o programa “Só pra Lembrar”, da TV Educativa, em que se relembrava e reproduzia grandes momentos de nossa música popular e se completava com muitos registros e entrevistas. Uma obra importante na recuperação e valorização de nossa memória musical. Promovi Festivais e Concursos de Música Popular nas tradicionais Festas da Penha, nos meses de outubro. Não posso deixar de citar os Banhos de Mar à Fantasia em várias praias da cidade, a recuperação de uma tradição hoje esquecida do Rio de Janeiro. Participei direta ou indiretamente em inúmeros seminários, encontros e conferências destinadas ao estudo da cultura popular, no Rio de Janeiro e no país. Presidi a Associação Brasileira de Pesquisadores da Música Popular. Fui Comentarista de televisão e rádio de eventos principalmente ligados à música popular, inclusive nos de escolas de samba. No cinema também tive grande participação, onde destaco o Filme rodado por Paulo César Sarraceni, sobre Natal da Portela, onde produzi e atuei. Nessa minha vida cultural fiz e colecionei inúmeros amigos e espero reve-los nesse grande momento de Alegria.
3 – A BOÊMIA AS PAIXÕES Fui um Carioca nato apaixonado pela vida, além de ser amante da cultura, tive outras grandes paixões. O Fluminense que freqüentei desde criança e é o time de toda a minha família, aliás, o time foi um marco na minha vida. Meus pais se conheceram em Macaé quando meu pai, Albino, jogava pelo clube e foi realizar um amistoso naquela cidade. Grande amistoso! Gostava de ir ao Maracanã ver os jogos do meu Clube, o Fluminense, ganhando ou perdendo era sempre motivo de tomar algumas cervejas pela cidade. O Carnaval também marcou meu coração, não perdia um desfile de escolas de samba, e sempre me emocionei assistindo a minha grande paixão carnavalesca: a Portela. As constantes idas a Osvaldo Cruz era uma festa que se iniciava na preparação e só acabava na manhã seguinte. Era também “mulatólogo” como bem me denominou meu grande amigo Jaguar, esse nome se deve ao meu grande carinho pela mulata carioca, que em suas curvas me fazem lembrar os traços da Cidade. Meu coração se rendeu aos encantos de uma porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rose, onde ela desfila até hoje além de ser a porta-bandeira da Banda de Ipanema. Relacionar meus amigos não é uma tarefa de fácil, pois corro o rico de esquecer alguém, mas vale apenas mencionar uma pequena parcela daqueles que com certeza, ainda aí com vocês, exigirão que seu nome seja dito, entre eles estão Fausto Wolff, Fernando Pamplona, Hermínio Bello de Carvalho, Ilmar Carvalho, Jaguar, J. Ruy, Márcio Donnici, Paulo Cesar Saraceni, Rose Nicolau, Sergio Cabral e Ziraldo, mas vamos dizer que toda a cidade estava e está no seu coração
4- A BANDA DE IPANEMA Dediquei a minha vida à cultura, então quando tive a iniciativa de fundar uma Banda, queria reviver os carnavais de rua que aprendi a gostar desde criança. Quando organizei a Banda de Ipanema, me chamaram de “O GENERAL DA BANDA” e de “CACIQUE DA ALEGRIA” alias esse nome se deve ao grande propósito da Banda,tirar sarro da vida. Em 1965 com o nosso primeiro desfile pude ver a Alegria estampada no rosto das pessoas, eram crianças, jovens, adultos, velhos, ricos, pobres, homos, heteros, famosos, anônimos, bêbados todos brincando juntos o Carnaval. Elegi Eneida como a primeira Madrinha da Banda e a eterna Leila Diniz foi exaltada como a Grande Rainha. Mesmo quando os militares quiseram acabar com a Banda e infiltravam espiões nos desfiles, os mesmos percebiam o espírito da diversão e acabavam caindo na folia. A Banda de Ipanema era totalmente Democrática serviu de referencia e ponto de encontro de diversos intelectuais. Reuniam–se nesse evento o pessoal do Pasquim, do Cinema Novo, do Teatro e da Bossa Nova. Esse era o meu espírito: a confraternização total, mas sem alienação. Grandes nomes passavam pela Banda, Oscar Niemeyer, João Saldanha, Ziraldo, Tom Jobim e outros que ajudavam divulgar ainda mais o sucesso da dela. Sempre quis homenagear personalidades brasileiras, entre tantos, destaco os seguintes nomes: Cartola, Nelson Cavaquinho, Jorge Veiga, Elizeth Cardoso, João Bosco, Marília Pêra, Beth Carvalho, Carmem Costa, Paulinho da Viola, Braguinha... Que bom que a Banda continua a tocar no Carnaval, e ainda mantém seu charme e os seus grandes propósitos, a Grande Griff do Carnaval. Gostaria de encontrar neste momento mágico e universal que é o Carnaval Carioca, muita Paz, Harmonia e Alegria, espero que vocês tenham gostado da minha história... Para quem não me conhece sou: Albino Coelho Pinheiro, Albino Pinheiro da Alegria da Zona Sul e do Rio de Janeiro.
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