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G.R.E.S. ALEGRIA DA ZONA SUL

Sinopse 2009

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"HEITOR DOS PRAZERES! CARIOCA DA GEMA - UM ARTISTA DE CORPO E ALMA"

 

 

INTRODUÇÃO: 

“O Rio é um prazer e de prazeres vive o Rio...”

Em 2009 o GRES Alegria da Zona Sul homenageará Heitor dos Prazeres, um carioca que tem sua história pautada na música, na arte e na boemia. Heitor foi amor e emoção. Um artista autodidata, que lutou pela cultura popular brasileira. Desbravou caminhos, valorizou o negro e conseguiu sobressair-se em um período de difícil para uma raça recém liberta, destacou-se como músico, compositor, cantor, poeta, artista plástico, dançarino, estampador, coreógrafo, figurinista e estilista.. E é com muita Alegria que fazemos esta homenagem mais do que justa a este Carioca da gema - um artista de corpo e alma.

Abre-se o “Céu do Carnaval”, onde fulguram estrelas de brilho sem igual, e dentre elas, reluz Heitor dos Prazeres, com seu cintilar iluminando com sua arte a cidade, proporcionando à passarela o clarão de um reinado, onde desfilam sonhos coroados de arlequins, colombinas e pierrôs apaixonados...

 

PRAZERES DO SAMBA E DO CARNAVAL

Carioca da gema Heitor dos Prazeres nasceu na Cidade Nova. Nos arredores da Praça Onze, berço do samba, de bambas e das famosas tias baianas, filho de uma costureira e de um marceneiro músico da Banda da Guarda Nacional e da Polícia Militar. Apelidado cariosamente de Lino por suas irmãs. Cresceu ao som dos acordes musicais que inspiraram o desejo de tornar-se compositor e poeta. Começou a trabalhar aos sete anos, mesma época do falecimento de seu pai. Na sua infância humilde fez de tudo um pouco: foi engraxate, marceneiro, polidor de madeira, sapateiro, alfaiate, tipógrafo, jornaleiro além de exímio capoeirista.

Das mãos de Hilário Jovino, o querido tio Lalu de Ouro, um dos maiorais do samba da época, recebeu seu primeiro cavaquinho. Já tocava clarinete, mas o cavaquinho fez aumentar seu amor pela música e pelo samba. A paixão foi tanta que criou um método próprio para aprendizado do instrumento.

Jovem já freqüentava as festas e os batuques na casa de tia Ciata e de outras tias baianas onde conheceu Pixinguinha, China, Caninha, Sinhô, Amor, Satur, Paulo Beijamim de Oliveira e Donga. Por estar sempre em companhia dos bambas do Estácio, a saber: Ismael Silva, Alcebíades Barcelos (Bidê), Caninha, Marçal e João da Baiana, passou a ser conhecido como Mano Heitor do Estácio.

Foi neste período que Heitor participou de forma efetivo da criação de diversas escolas de samba na cidade do Rio de Janeiro: Fundou a “Deixa Falar”, hoje Estácio de Sá, “De Mim Ninguém se Lembra” e “Vizinha Faladeira”. Com os amigos Mané Bambambam e Paulo da Portela, fundou a Portela. Escola que ele deu as cores azul e branco. Com a turma da Mangueira: Cartola, Carlos Cachaça, João da Gente, Zé Espinguela e Zé com Fome, colaborou na fundação da Verde e Rosa, onde ia contratar as pastoras para apresentações em festas e cassinos com seu amigo e parceiro Cartola.

Participou do primeiro concurso entre sambistas que reuniu o Conjunto de Oswaldo Cruz (hoje Portela), a Deixar Falar, do Estácio, e os sambistas da Mangueira. O Compositor José Gomes da Costa ou Zé Espinguela foi organizador do evento onde foram fixadas as bases das disputas entre as escolas de samba.

Cada conjunto apresentou duas obras. As composições da Mangueira eram de autoria de Cartola e Arturzinho, as do Estácio certamente de Ismael Silva, o grupo de Oswaldo Cruz, tinha Heitor dos Prazeres, Paulo da Portela e Antonio Caetano como compositores. Sagrou-se vencedor o Conjunto de Oswaldo Cruz.

Nesta ocasião registra-se a forte rivalidade que se iniciava entre as escolas de samba, tanto que o pessoal da Mangueira não se contentou com o resultado do concurso, ameaçando quebrar o troféu destinado ao campeão. Zé Espinguela teve a brilhante solução de oferecer um troféu com fitas nas cores azul e branco para a turma de Oswaldo Cruz. Verde e rosa para a Mangueira e vermelha e branca para o Estácio. Contribuiu desta forma com a fixação das cores das agremiações, além de dar início aos concursos de desfile de Carnaval das futuras Escolas de Samba.

Heitor costumava sair fantasiado de baiana, levando no ombro o pano-da-costa em cores vivas. Arrastando foliões segurando as extremidades do pano como uma bandeira. Aproveitou a figura do Mestre-Sala e Porta-Bandeira já existente nos Ranchos e criou a bandeira para esse casal se apresentar. Tal idéia foi adotada por todas as Escolas de Samba e transformou esse casal na figura central das escolas e dos desfiles.

Foi um devoto cultor das tradições e das danças afro-brasileira. Foi Ogan, compôs inúmeros pontos de Umbanda e Candomblé. Seguidor dos santos, jamais negou sua fé em Xangô e Oxum, seus orixás, e o culto aos Pretos-Velhos.

Já nessa época Heitor revelou um aspecto da sua personalidade: o de cidadão, politicamente consciente.Autor da “Canção do Jornaleiro”, onde externava a saga dos menores de idade que varavam a noite a distribuir notícias em troca de alguns réis. Inspirou na criação da Casa do Pequeno Jornaleiro, um dos primeiros projetos sociais do país. Além da estátua de bronze criada pelo escultor Fritz (Anísio Moto) para homenagear a profissão e quem a exercia.

A Igreja da Nossa Senhora da Penha, na zona da Leopoldina, era o palco de uma das maiores festas populares do Rio de Janeiro. Onde eram apresentadas diversas músicas que posteriormente o povo levaria para o Carnaval,principalmente os grande bailes da época. Nesse evento Heitor foi surpreendido quando ouviu a música “Cassino Maxixe” gravada por Francisco Alves, pois sua autoria foi atribuída a Sinhô. Ele ficou chateado e foi reivindicar sua parceria na música. Sinhô meio desconcertado desculpou-se com aquela célebre frese do mundo do samba: “Samba é como Passarinho, a gente pega no ar”. Então Heitor revelou seu lado irreverente e fez um samba de alerta aos companheiros: “Olha ele, Cuidado, cuidado”, obtendo como resposta o samba: “Segura o Boi”. Sinhô, na época, era chamado “Rei do Samba”. Heitor então compôs a música “Rei dos Meus Sambas” que Sinhô tentou sem sucesso impedir que fosse gravado e distribuído.

De sua mente iluminada surgiu mais de 200 composições de grande sucesso. Parte delas retratando o cotidiano das pessoas simples, as paixões mal-sucedidas, além de canções bem-humoradas falando da boemia. Entre tantas destacamos: “Quem nos faz é o Capricho”, vencedora do primeiro concurso de sambas de 1929 – 1930, “Gosto que me Enrosco”. ““Deixaste meu Lar”, “Estás farto de minha vida”, “Deixa a Malandragem se és capaz”, “Canção do Jornaleiro”, “Lá em Mangueira” (1943), “Consideração”, “Carioca Boêmio”, “Quebra Morena”, Mulher de Malandro”, “A Coisa Melhorou”, Ora vejam Só”, “Cocorocó”, “Limoeiro”

Sua inigualável elegância no trajar transformou-o no primeiro negro eleito entre os de mais elegantes do Brasil.

 

PRAZERES DA BOEMIA CARIOCA -  ERA DO RÁDIO E O  CASSINO DA URCA

Heitor passou a ser um bamba no meio de bambas, tinha acesso aos terreiros à burguesia e ao batuque. Freqüentava o morro e o subúrbio. Entre os jovens universitários, Noel Rosa, um estudante de medicina e sensível compositor que era aspirante a boêmio. Ele foi procurar Heitor, que detinha fama de brigão para ajudá-lo a dar um corretivo num tal marinheiro grande e forte que freqüentava o pedaço. O futuro “poeta da Vila” queria garantir a moral devido o tal marinheiro ter cortejado sua namorada. Heitor não perdeu tempo e, com disposição para a briga que lhe era bem peculiar, partiu para o bar onde o marinheiro bebia despreocupado. Não demorou até que a fama do compositor chegasse aos ouvidos do marinheiro, que logo se deu conta do que poderia lhe acontecer. O conquistador dirige-se a Heitor e lhe pede desculpas demonstrando certa inteligência. Nosso homenageado sempre irreverente não perdeu tempo e externou a seguinte frase ao marinheiro: “Vai ancorar em outra praia”...

Após esse nostálgico episódio Noel se dirigiu junto com Heitor para seu atelier. No caminho Heitor cantarolava a marcha que estavam compondo. Noel sugeriu que ele mudasse a terceira estrofe da letra. Sugestão acatada e parceria formada. Nasce a canção “Pierrô Apaixonado” que até os dias de hoje é marco nos bailes de carnaval.

Os primeiros contatos de Heitor com o Rádio ocorreu nas Rádios Educadora e Phillips, como cantor e cavaquinista. Esse meio de comunicação crescia vertiginosamente e se tornava um grande objeto de desejo das famílias brasileiras. Surgiu assim a nostálgica “Era do Rádio” que marcou época e revelou grandes nomes da música nacional. No ano de 1939 surgiu no Rio de Janeiro a Rádio Nacional e as Rainhas do Rádio representadas pelas talentosas Emilinha Borba, Marlene, Dircinha Batista, Dalva de Oliveira entre outras.

O samba, sambistas, as marchas e até as transmissões de bailes carnavalescos ganharam notoriedade na Rádio Nacional. A ocupação dos seus microfones foi motivo de orgulho. Quando “Heitor e Sua Gente” pisavam nos palcos dos programas como o de César de Alencar ou de Manoel Barcelos, difícil era segurar o auditório nas concorridas poltronas diante do som melodioso de seu cavaquinho, do ritmo contagiante das percussões e das vozes afinadas das pastoras.

Heitor também fez parte do seleto elenco do Cassino da Urca, onde tocava, cantava e dançava em companhia de Grande Otelo e Josephine Backer, daí vindo a conhecer o cineasta Orson Welles, que o contratou como arregimentador de figurantes para o filme “O samba e o carnaval” que tinha como tema a cultura afro-brasileira. Foi nessa época que se tornou o primeiro empresário de artistas.

Participou em São Paulo do Programa “Carnaval do Povo” nas rádios Cruzeiro do Sul e Cosmo com mais de 100 artistas, entre os quais: Paulo da Portela, Cartola, Carmem Costa, Dalva de Oliveira, Araci de Almeida, Francisco Alves, Carlos Galhardo, Bidê, Marçal, Henricão, Herivelto Martins e Nilo Chagas. Recebidos pelo então locutor e baliza Adoniran Barbosa. Esse grande evento da cultura brasileira foi realizado em praça pública e marcou a entrada do samba na “terra da garoa”.

 

PRAZERES  DA ARTE

Casou-se a primeira vez com Dona Glória, com teve três filhos: Ivete, Irete e Ioenete Maria; Do segundo casamento com Nativa Paiva, uma das suas pastoras nasceram dois filhos: Idrolete e Heitorzinho dos Prazeres, que o inspirou na composição da música “A Coisa Melhorou”, onde, em versos, dizia: “É mais um guerreiro, é mais um carioca, é mais um brasileiro”. A música foi gravada numa das primeiras produções independentes que se tem notícia, lançando a cantora Carmem Costa em sua carreira solo como intérprete.

Da paixão e tristeza em função da morte de sua primeira esposa. Heitor encontrou uma nova maneira de se expressar artisticamente. O compositor e músico descobriu-se como pintor ao ilustrar, através de um desenho colorido, sua mais nova criação musical O Pierrô Apaixonado.

Surgindo assim um grande pintor da linha primitivista brasileira. O motivo dos seus quadros são os temas populares: o samba, malandros, favelas, rodas de samba e mulatas. Entre suas principais pinturas podemos citar: “Carnaval nos Arcos”, “Moenda”, “Tintureiro” e “Favelão”.

Heitor participou ativamente das mais importantes exposições das artes plásticas brasileiras. Uma delas foi a exposição da RAF em benefício das vítimas da 2ª Guerra Mundial. Sua tela “Festa de São João” foi um grande sucesso. Sendo adquirido pela filha do Reio George V e futura Rainha Elizabeth II que parou diante da obra e sem conseguir conter o entusiasmo falou: “Mais quem é e de onde vem este pintor extraordinário?”. A obra e o nome de seu autor  figuram no boletim de divulgação do MOMA, New York ao lado de Portinari, Guignard, Matisse, Picasso, Renoir, VanGogh, Orosco dentre outras celebridades.

Ganhou o terceiro prêmio para artistas nacionais na Primeira Bienal de Arte Moderna, em São Paulo, com o quadro intitulado “Moenda”, que até hoje faz parte do acervo do museu.

No Senegal participou do 1º Festival de Arte Negra de Dakar, em 1966. Sua viagem à África foi triunfal, retornando às origens da raça que tanto enalteceu em seu trabalho, resgatando o orgulho e a fé de uma etnia que ajudou a construir o Brasil.

 

PRAZERES DE CORPO E ALMA NA AVENIDA

Heitor dos Prazeres foi, ainda, objeto da admiração de pessoas notáveis, passando pelo Presidente da República Juscelino até intelectuais do porte de Stanislaw Ponte Preta e Carlos Drummond de Andrade, o poeta, que, inclusive, lhe conseguiu um emprego no Ministério da Educação e Cultura, além de dedicar-lhe o poema “A Heitor dos Prazeres Artista”. No segundo andar no MEC existe um busto em homenagem ao funcionário ilustre.

Nessa oportunidade pretendemos mostrar o legado deixado por este artista plural na história da cultura Brasiléia, principalmente do Carnaval Carioca hoje patrimônio cultura desse nosso Brasil.

É por tudo isso e muito mais que o G.R.E.S. Alegria da Zona Sul orgulha-se em levar para a avenida esse enredo. Reafirmando o valor de Heitor dos Prazeres, orgulho do povo brasileiro.

Eternamente Heitor dos Prazeres ! Um legítimo carioca da gema e um verdadeiro artista de corpo e alma!

 

Texto: Comissão de Carnaval
Colaboração:
Heitor dos Prazeres Filho e Ivete dos Prazeres
Presidente:
Sérgio Almeida
Diretor de Carnaval:
Marcus Almeida
Assessora de Carnaval:
Jackeline Nascimento
Carnavalesco:
Marco Antonio e Rodrigo Sampaio

 

Bibliografia:

Lírio, Alba e Prazeres Filho, Heitor dos. Heitor dos Prazeres - Sua arte e seu tempo. Rio de Janeiro: ND Comunicação, 2004.

 

Sites:

 www.heitordosprazeres.com.br

 www.dicionariompb.com.br/verbete.aso?nome=Heitor+dos+prazeres&tabela=T_FORM_A

 

 

ORGONOGRAMA PARA O DESFILE DE 2009

 

COMISSÃO DE FRENTE – PIERRÔ, ARLEQUIM E COLOMBINA

“PIERRÔ APAIXONADO”

 

1º CASAL DE MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA

“GOSTO QUE ME ENROSCO”

 

1ª ALA – BAIANAS

“BAILE DE CARNAVAL”

 

2ª ALA – O CARNAVAL CARIOCA

 

CARRO 01 – OS PRAZERES DO SAMBA E DO CARNAVAL

 

3ª ALA – O RIO ANTIGO

 

4ª ALA – BOEMIA

 

5ª ALA – CASA DA TIA CIATA – CELEIRO DE BAMBAS

 

6ª ALA – FESTA DA IGREJA DA PENHA

 

7ª ALA – O CASSINO DA URCA

 

CARRO 02 – OS PRAZERES DA BOEMIA CARIOCA: A ERA DO RÁDIO E O CASSINO DA URCA

 

8ª ALA – CINEMA

 

9ª ALA – HEITOR E SUA GENTE

 

10ª ALA – BATERIA – A ERA DO RÁDIO

 

11ª ALA – PASSISTAS – VEDETES

 

12ª ALA – QUADRO MOENDA

 

13ª ALA – QUADRO FESTA DE SÃO JOÃO

 

CARRO 03 – OS PRAZERES DA ARTE

 

14ª ALA – MANGUEIRA

 

15ª ALA – SAI COMO PODE (PORTELA)

 

2º CASAL – MEU PAVILHÃO

 

16ª ALA – VIZINHA FALADEIRA

                                                                                       

17ª ALA – DEIXA FALAR (ESTÁCIO)

                                                                                      

18ª ALA – O PIERRÔ APAIXONADO PELA ALEGRIA

                                                                                           

CARRO 04 – OS PRAZERES DE CORPO E ALMA – ETERNAMENTE HEITOR

 
 

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