G.R.E.S. BOI DA ILHA DO GOVERNADOR |
Sinopse 2010 |
"Celebremos o Boi. Não só o nosso, o da Freguesia. O bloco, a Escola de Samba. O boi mítico, o sagrado, o profano. Boi sagrado do Egito, o bezerro ídolo profano, os bois que transportaram Krishna e Buda. O boi mamão, o bumbá, o bumba meu boi. Festejaremos o combate da alegria do Garantido e do Caprichoso. Lembraremos do boi da cara preta que assusta as crianças insones, o mítico Minotauro do labirinto de Creta, o das constelações do signo de Touro. O mito tudo se permite, tudo se aprova, tudo vira festa. O boi dos rodeios, das touradas, da farra do boi. Aproveite dessa festa. Que assim como o boi tudo se aproveita, menos o berro. Guardemos nosso "berro" para o grande dia. Dia aquele que levará o nosso Boi ao lugar mais alto. O de campeões do Carnaval". Sandro Carvalho
Em 2010, o Boi da Ilha do Governador vem através do nosso enredo homenagear a figura principal do nosso pavilhão "o boi". Se em tempos passados ele representava só uma diversão do expressivo bloco pelas bandas da freguesia, hoje se tornou símbolo maior de nossa agremiação. E é através dessa figura do boi que conduziremos nosso enredo. Passando por mitologias, manifestações populares, culturais e religiosas através do tempo e do mundo. Seus vários símbolos e suas heranças. Não sabemos bem o por que, mas o boi exerce sobre a humanidade um fascínio que se estende por séculos e séculos, na mais variadas culturas. De simples motivo de pilhéria à incompreensível imolação, passa pelos astros,até ser cultuado como divindade. Sempre envolto em multidões, ele desperta paixões, medo e delírio em seus ritos. Os astrólogos afirmam que, quando o sol está no signo de touro, o reino da natureza se altera. No hemisfério norte é tempo de crescimento, de acasalamento, de construção e de nascimento. È tempo de vida. O boi Àpis dos egípcios, no qual se encarnava Osíris, o deus da criação que, mugindo oráculos, terminava por sintetizar o carnaval. Alias, os egípcios ás vezes representavam o céu sob a forma de um boi ou uma vaca. Rá,que era um deus pacifico, determinara que os sacrifícios humanos fossem substituídos pelo de animais como o boi. Na Roma antiga, o boi já foi moeda, passando de mão em mão. Sua efígie cunhada em cobre valia "um boi". Assim como os Assírios. O antigo testamento nos relata a adoração do "bezerro de ouro" pela multidão, no vale, e o desespero de Moisés no Sinai. Na mitologia grega encontra nos bois motivos de bravura para seus heróis. Hércules que ao cumprir seus trabalhos protegeu o gado, capturou o Touro branco de Creta, Touro este que Poseidon fez emergir do fundo do mar para que fosse sacrificado em sua honra e que como castigo por não cumprir viu sua esposa dar á luz a um mostro antropófago, com cabeça de touro e corpo de homem - Astérion, o Minotauro. Coube a Teseu, o jovem ateniense corajoso e cheio de astúcia, a glória de mata-lo. Nas tarefas Hercules enfrentou gerião para apoderar-se do gado vermelho de Gerião, enfrentou Aquelôo, que tomara a forma de um touro, e o próprio Zeus disfarçou-se de Touro para seduzir e raptar Europa, filha do rei de Tiro. Na mitologia mundial a figura do boi aparece em diversas civilizações desde as pinturas rupestres, "Uros", à divindades na Índia e sua força e virilidade na China. Os Chineses como os Gregos viram no taurino um símbolo de força e virilidade, humanizando o seu caráter e aplicando essas características ao seu povo através do horóscopo na China e no Zodíaco na Grécia. Os hindus eternizaram seu fascínio pelo boi concedendo-lhe o título de animal sagrado que carregou o deus SHIVA pelas costas em direção aos céus.Um dos mais importantes deuses hindus KRISHNA é freqüentemente simbolizado tocando sua flauta enquanto cuida do gado; Descreve-se que o mesma raça do touro que conduzia SHIVA, levava BUDA em suas pregações por todo território Indiano. Nos templos e nas praças existem várias representações do belo animal. Protegido pelos deuses e cultuado como sagrado o "BOI" caminha pela história da humanidade. O Boi é vida, mas também é morte. As Touradas, na Espanha e no México,provocam o êxtase dos espectadores,no balé do touro desespero dos miúras enfurecidos e sacrificados.É multidão que ovaciona o herói num grito uníssono. OLÈ! As manifestações populares como na Espanha, Portugal e França, bem como nos paises da América Latina: México, Venezuela e Peru o espetáculo consiste na dominação de Touros bravos que remete a técnica oriunda da ilha de Creta no palácio Cnossos, suas touradas e provavelmente referência a lenda do minotauro também. No Brasil a influência do boi em varias manifestações Brasil afora se deve a diversos fatores entre eles as heranças culturais de nossos colonizadores e a expansão agropecuária no Brasil em determinado momento de nossa historia. Esses fatores vão levar a manifestações folclóricas tais quais as da antiguidade representando a importância do boi na vida cotidiana e cultural do povo. È certo dizer que, a figura do boi ou os festejos envolvendo-o, é o tema ou personagem mais lembrado depois das influências das três raças que formaram a nossa identidade cultural e nossa base folclórica. Essa herança multicultural podem ser observadas nas várias manifestações no País. Cabe dizer que no Maranhão a festa do boi o Bumba-meu-boi, teve influencia européia dos folguedos de Portugal e Espanha divididos entre sagrado e profanos, como no monologo do poeta Gil Vicente, e na mitificação afro-negro constante no ciclo agrário como divindade que representa força e virilidade. Observamos a influência do ciclo agrário como nas festas caboclas do Ceará e em Pernambuco com os romances do boi e as festas de vaquejadas. Como o Reisado e os atuais guerreiros, os autos populares que nas Alagoas representam com grande pujança coreográfica. Grande beleza no Reisado e na Congada. O Boi-Bumbá manifestação folclórica que surgiu no Nordeste do Pais mas que espalhou-se por quase toda a Amazônia ,principalmente no estado do Amazonas onde se encontra a famosa festa dos Bois Garantido e Caprichoso. A festa do boi instalou-se em Parintins localizada a 392 quilômetros de Manaus, na ilha de Tupinambarana,atualmente reúne multidões selva a dentro para as grandes toadas dos Bois. Dizem que o nome Garantido e Caprichoso dá-se da rivalidade dos bois, os torcedores jamais falam o nome do outro, e em determinada ocasião diante das provocações o dono do "Boi Azul" exclamou - "SE GARANTE NO SEU QUE EU CAPRICHO NO MEU". Daí o nome Garantido para o boi vermelho e Caprichoso para o boi azul. O boi mamão da Ilha de Santa Catarina, que de uma brincadeira surge uma manifestação tão importante lá em outra ilha. O boi da festa dos Reis, da Festa do Divino, O Boi corado. O boi mourão do Rio de Janeiro. O boi janeiro da Bahia, salve todos os Santos da terra do cacaueiro. Até no sono da molecada, o "boi da cara preta".São tantos "BOIS" que se misturam nesta festa do sagrado e do profano. O boi que na festa surge de madeira, armado. Coroa na cabeça e veludo bordado.Do boi vaidoso, cheio de fitas e aveludado. Mas sou o BOI DA ILHA. Dou "um boi pra não entrar na briga e uma boiada pra não sair". Tenho orgulho de ser boiadeiro. E como diz nossos trovadores "boiadeiro tem raça se esmera". Um boi que surgiu lá pelas bandas da freguesia. Despretensioso. Bloco pra brincar. Que corria da policia pra debaixo do boi só expiar. Um Boi que cresceu. Ficou grande. Virou escola. Em 2010 nosso 21º desfile. Alcançamos a maioridade. Chegou à hora! Hora de colocarmos pra fora nosso "berro" e gritar finalmente "È Campeão!". Não deixar tirar aquilo que é nosso. Que se precisar "DAREMOS UMA BOIADA" mas entraremos na briga. Mostrar o valor que tem o nosso "Boi". E por tantas ele andou - DO SAGRADO AO PROFANO....E O BOI QUEM DIRIA FOI PARAR NA FREGUESIA!
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