G.R.E.S. BOI DA ILHA DO GOVERNADOR |
Sinopse 2013 |
As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados, se convertendo em expressões da vontade criadora do africano. Cada máscara é um livro de magia aberto que fascina, que suscita a curiosidade, pois nos convida a decifrar a mensagem revelada. As máscaras são bastante utilizadas em rituais, evocam características e energias dos seres que representam. Para alguns povos, o espírito do elemento representado ali se encarna em quem utiliza a máscara, estabelecendo, naquele momento, uma sagrada relação de participação mística. Elas podem purificar, proteger ou assombrar, transmitindo mensagens dos espíritos para as pessoas e acompanham os homens na guerra, na caça e nos trabalhos no campo. O ato estético e simbólico de mascarar – transformar, intervir na imagem do rosto, da cabeça, de todo o corpo – pressupõe o uso de peça convencionalmente preparada para tal finalidade, podendo ainda receber acréscimos de roupas, pinturas, acessórios de mão, instrumentos musicais e ambientação de vários contextos. Quando esculpidas, as máscaras africanas não representam fielmente rostos humanos como em outras sociedades; e sim, nas suas representações elas vão transcender o plano terreno, elas são produzidas de forma que se perceba a sua ligação com o sobrenatural, com o divino. Mas, para as máscaras alcançarem o seu significado aqui na terra, elas precisarão do corpo humano, é o corpo desse ser que irá intermediar essa relação entre o mundo físico e o espiritual. O escultor africano não tem o mesmo desejo que o escultor contemporâneo que sente necessidade de colocar sua assinatura na obra. Na África, a obra de arte não é propriedade de um escultor, mas é a expressão de uma etnia, de um povo e da divindade que utiliza a mão do artista para nela pousar sua essência espiritual num objeto. As máscaras africanas encantaram e influenciaram o pintor espanhol Pablo Picasso, quando percebeu de imediato sua importância, não as considerando apenas peças esculpidas, mas dotadas de certa magia. Deve-se muito a Picasso essa mudança de mentalidade, pois após a sua apropriação as máscaras passaram a ser vistas pela comunidade europeia como detentoras de valor estético. Picasso dizia que o "vírus" da arte africana o tinha contagiado. O significado das máscaras é muito difícil de ser compreendido pelos não-africanos, justamente porque nelas residem muitas fantasias, misticismo e magia que exprimem o modo de pensar das sociedades tribais africanas.
Mônica Barbato |