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G.R.E.S. CAPRICHOSOS DE PILARES

Sinopse 2007

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"
COM TODO O GÁS, A CAPRICHOSOS ACENDE A CHAMA DO CARNAVAL"

 

"Estamos no século das luzes
Não podemos duvidar
Anda gás
Por toda parte,
Para nos alumiar..."

Rasga-se o chão da passarela e dele surgem imensos "gasodutos azuis" carregando em seu interior um gás especial. É o gás do carnaval impulsionando a comunidade da Caprichosos de Pilares a brilhar nesse desfile magistral. Os dutos correm do subúrbio carioca e levam para a Marquês de Sapucaí sonhos e fantasias de um povo humilde e festeiro, verdadeiro retrato do brasileiro.

No carnaval de 2007 a Caprichosos de Pilares parte em busca do encontro com a sua história, com as suas tradições. Leva novamente para a avenida um enredo enraizado nas raízes nacionais. É mais um carnaval patriota, ufanista, calcado na ideologia de um grande sonhador.

Na segunda metade do século XIX chega ao Brasil a idéia do gás. O povo clamava por melhorias na iluminação precária das ruas da corte. Um gaúcho chamado Irineu Evangelista de Souza, por muitos conhecido apenas como Barão de Mauá vence em 1849 a concorrência para levar a iluminação a gás às ruas da capital do império.

Mauá começa então o sonho de modernização do Brasil. O Rio de Janeiro torna-se pioneiro na iluminação a gás na América do Sul. Ele funda a Companhia de Iluminação a Gás e em 1852 constrói a primeira fábrica de gás do Brasil.

Por se tratar de uma novidade não encontra em terras brasileiras profissionais preparados para tal serviço e traz então da Inglaterra engenheiros, mecânicos e operários especializados no trabalho com gás. Os estrangeiros sofrem com a nova terra e muitos acabam vítimas da Febre amarela.

O povo acompanhava surpreso a construção da fábrica e os preparativos do Barão. Boatos cortavam as ruas e vielas alarmando a todos contra a possível explosão dos reservatórios de gás. O medo gerou protestos contra o sonho de Mauá, mas, no entanto em 1854 ele inaugurava os primeiros lampiões a gás do Rio de Janeiro.

A data escolhida foi 14 de março, seria um presente de aniversário para a Imperatriz Tereza Cristina, mas uma forte chuva levou nas águas o desejo do Barão. A inauguração teve que ser adiada em 11 dias, então em 25 de março eram inaugurados os primeiros 637 lampiões a gás.

A nova data tratava-se de uma homenagem ao aniversário da Constituição do Império. O povo surpreendia-se nas ruas com os novos meios de iluminação e comemoravam de forma carnavalesca a luz gerada do gás. Até dezembro daquele ano foram inaugurados mais lampiões de vidros coloridos nas ruas da capital do império.

O Rio de Janeiro perdia o mau cheiro dos lampiões a base de óleo de peixe, e ganhava o romantismo dos "profetas" e "seresteiros" que começavam a ocupar os postes da cidade. Durante as manhãs dezenas de pessoas dirigiam-se aos gasodutos na intenção de inalar os gases que dali saíam. Muitos médicos defendiam que aqueles gases eram excelentes para os pulmões.

Com o passar do tempo a cidade que anos depois se tornaria maravilhosa ganhava novo estilo de vida. Eram inaugurados os primeiros clubes sociais, e também os primeiros cassinos, os teatros começavam a ganhar mais movimento, já que os homens e mulheres da sociedade perdiam o medo de andar pelas ruas durante a noite.

Todos se perguntavam: Como viveram tanto tempo na escuridão?

O tempo passou e o Barão acabou vendendo a Companhia de Iluminação a gás para os ingleses, que continuaram com os projetos de melhorias e desenvolvimento para a iluminação da cidade.

O Brasil segue com suas história e transformações. Abole a escravidão, deixa de ser monarquia e transforma-se em república. Em 1912 a iluminação a gás chega ao seu auge atingindo quase todas as regiões, no entanto, por ironia do destino naquele mesmo ano começa a sua queda, já que a luz elétrica ganha grande vulto. As ruas vão perdendo o seu romantismo.

O Rio de Janeiro começa a ser remodelado, ganha ares parisienses nas mãos de Pereira Passos. Osvaldo Cruz erradica a febre amarela e a varíola. A cidade pioneira da iluminação a gás na América do Sul inspira-se na cidade luz.

Em 1937 Getúlio Vargas assume o poder e dá início ao Estado Novo. Deposto do cargo e reempossado nos braços do povo em 1950 Getúlio proporciona ao brasileiro inúmeras melhorias nas condições de vida e de trabalho. Seu estilo populista e nacionalista levou aos limites as suas atitudes. Getúlio, assim como o Barão, era um inovador e um sonhador.

Antes do seu trágico suicídio Getúlio tem a chance de criar a Petrobrás e estatizar o petróleo nacional. Ele recebe apoio até mesmo de forças contrárias a sua administração. A campanha "O Petróleo é Nosso", herdada de seu antecessor Marechal Dutra, acarreta adesões de todas as camadas da sociedade.

O sonho da auto-suficiência em petróleo custou, mas hoje é uma realidade, e o mais importante é que com a auto-suficiência em petróleo, o país conseguiu autonomia na produção do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o conhecido gás de botijão. A auto-suficiência do Brasil não para por aí, a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro torna-se também auto-suficiente em produção de gás natural.

O gás entra na vida das pessoas com mais força do que no século passado. Esse importante produto não fica de braços cruzados com o surgimento da luz elétrica e impulsiona a criação de fogões, ferros, aquecedores, chuveiros. Torna-se uma das principais fontes de energia para fábricas e hospitais. Transforma-se em combustível para os automóveis.

Campanhas a favor do gás natural convocam a população para adesão a esse novo combustível. Principalmente os táxis cariocas aderem e encontram no novo combustível uma série de benefícios. Além do preço barato, melhor rendimento do carro e menor poluição.

Nos últimos tempos vemos no povo certo grau de preocupação. Nações amigas, nações irmãs, brigam pelo direito de serem donas do gás. Os países do MERCOSUL, parceiros políticos e econômicos durante tanto tempo, travam uma queda de braços pelo direito na comercialização do gás. Brasil, Bolívia, Venezuela e Argentina buscam para si as melhores condições no tratamento e exploração do gás.

Apesar da preocupação o Rio de Janeiro não tem com o que se alarmar, a Bacia de Campos o confere status de grandeza perante a briga entre os gigantes. Para os cariocas a garantia de gás por muito tempo é certa, e, para os sambistas existe um gás que não se apaga - o gás do carnaval.

A Caprichosos deixa de lado essas guerras governamentais, e de seu gasoduto, instalado em Pilares, produz o gás do carnaval. Ele hoje abastece a avenida e prova que pelo menos no carnaval a única guerra é pela alegria. Entre pompons, confetes e serpentinas os componentes brincam e mantém acessa a chama do carnaval.

Uma chama azul, que mesmo nas adversidades não se apaga!


Marcos Januário
 

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