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G.R.E.S. ACADÊMICOS DO DENDÊ

Sinopse 2006

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COM TRABALHO E COM CULTURA OS AFRO-DESCENDENTES CONSTROEM O BRASIL"

 

Desde o Século XV os portugueses já empregavam o trabalho escravo nas Ilhas do Atlântico e no reino. Afirma-se que os primeiros africanos escravizados chegaram ao Brasil em 1554 e, além do trabalho na exploração do pau-brasil, auxiliam nos serviços domésticos.

Vindo em navios negreiros, também denominados de “tumbeiros”, devido ao alto índice de mortalidade durante a viagem (cerca de 30% morriam de doenças.

- tais como o cólera, de fome, dos castigos ou se suicidavam), eram trazidos de vários pontos da África, tais como Guiné, Senegal e Angola, e pertenciam a várias nações (Iorubas, Gegês, Nagôs, Bantos, Congos, Achantis, Benguelas, Iolofás, Mandingas, Muxicongos entre outras), sendo alguns considerados reis em sua terra natal.

Caio Prado Jr., um pesquisador, estima que o trafico negreiro trouxe para o Brasil, do seu início até 1850, quando oficialmente foi encerrado, cerca de 5 ou 6 milhões de africanos que através do seu trabalho foram responsáveis pela construção das cidades (casas, pontes, túneis, estradas) e pelo desenvolvimento da lavoura e da pecuária nesta terra chamada Brasil.

Ao chegarem aqui eram vendidos em leilões como qualquer mercadoria ou animal, e custavam cerca de 300 vezes o valor que foram adquiridos na África, tendo os mercadores papel preponderante na venda, valorizando os que tinham “melhor aparência”, e disto contava os dentes, os músculos e a pele reluzente (normalmente fabricada por óleos que os mercadores passavam nos escravos).

Os africanos e seus descendentes foram responsáveis, principalmente, pela implantação de lavouras de grande extensão. O milho, a batata, a mandioca eram produtos já existentes no Brasil. O fumo, apesar de ser planta nativa, foi de grande importância, visto que até hoje faz parte do brasão nacional, e porque junto com a cachaça era usado como moeda de troca na aquisição de novos escravos nas terras africanas.

A maior e mais importante lavoura que utilizou a mão de obra africana para render lucros à Coroa Portuguesa, foi a Cana-de-açúcar que, introduzida no Brasil, gerou divisas através da exportação do açúcar para Europa.

O café e o algodão, produtos que também serviam à exportação, utilizaram, durante séculos, a mão de obra escrava, quer de africanos, quer de seus descendentes.

Outro ponto importante foi a participação dos escravos na Mineração de ouro, prata e pedras preciosas. O trabalho era lúgubre e altamente perigoso pois, além de carregarem muito peso os escravos normalmente passavam horas dentro da água, o que gerava doenças e um alto índice de mortes. Era comum os senhores fazerem os homens trabalharem com máscaras de ferro para que não engolissem as pedras encontradas e, ao final do dia de trabalho deviam banhar-se sob os olhos dos capatazes, para que fosse aproveitado, inclusive, o pó de ouro que lhes grudava no corpo.

Nas tarefas do lar, eram utilizadas principalmente as mulheres e as crianças. A “mãe-de-leite” era geralmente uma escrava, que ao acabar de ter seu filho, era separada dele para amamentar a criança branca, filha de seu dono e senhor. Era comum os portugueses darem de presente aos filhos, tal como se dá hoje um animalzinho de estimação, uma criança afro-descendente, da qual podiam fazer o que quisessem, inclusive bater.

Nas cidades uma das tarefas do escravo era se desfazer das fezes produzidas na casa, que, normalmente, eram jogadas nos rios e mares. Para isto eram utilizadas terrinas ou cestos, que cheios escorriam pelo corpo do carregador, originando o termo “enfezado”.

Morando em lugares úmidos, comendo restos que sobravam dos brancos, sendo humilhados e torturados, os africanos e seus descendentes tinham em média 10 anos de sobrevivência no trabalho na lavoura, desta forma adoeciam ou morriam cedo, e automaticamente eram substituídos.

Porém sua resistência não desfez seus sonhos. Organizando-se em grupos, às escondidas dos senhores e dos capatazes, os escravos africanos e seus descendentes, iniciaram movimentos de fuga e construíram vários Quilombos em diversos lugares no Brasil (o mais famoso foi o Quilombo de Palmares regido por Zumbi).

Estes povoados se localizavam, normalmente, nas matas, em lugares altos e de difícil acesso, onde seus moradores mantinham tradições culturais trazidas da África e/ou modificadas pelo tempo nas terras brasileiras e, mesmo perseguidos pelos capitães do mato (homens que recebiam dinheiro para recapturar os escravos fugidos), conseguiram, inclusive participar de rebeliões (entre elas o Levante dos Malês na Bahia) e libertar outros escravos em espetaculares fugas coletivas.

Ao longo da história podemos dizer que o trabalho dos africanos e seus descendentes construiu este país. Além disso seus costumes, crenças, danças e todo um manancial de cultura foram incorporados à nossa formação: a capoeira, o jongo, o maracatu e o samba, que deu origem as Escolas de Samba, são tradições oriundas deste povo que, ainda hoje, luta por igualdade de condições sociais, trabalhistas e econômicas.

Por isso não podemos deixar de mencionar vários personagens que, através de sua luta, irreverência, resistência, marcaram a história brasileira e por que não dizer a história dos afro-descendentes no mundo: Zumbi dos Palmares, Chica da Silva, José do Patrocínio, Escrava Anastácia, entre outros.

Inalda Pimentel e Carlos Albuquerque
 

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