G.R.E.S. ESTÁCIO DE SÁ |
Sinopse 2006 |
Sou
mascarado, sou rosto bordado que transforma plebeu em nobre, sou folião.
Sambista apaixonado, camuflado pela fantasia, que risca o concreto da
avenida. Sou sonho, sou pura energia. Sou apenas mais um, entre tantos
rostos escondidos que se encontram na passarela para transformar esta
noite num momento inesquecível. Mas, quem é você? Sou vermelho e branco. Rancho que já foi Deixa Falar, que se fez Escola de Samba São Carlos, e hoje, é GRES ESTÁCIO DE SÁ. Escola credenciada, que traz em sua memória, o admirável compositor Ismael Silva, que reivindica a condição de primeira escola de samba da cidade do Rio de Janeiro. O Leão orgulhoso e guerreiro vem cantar e encantar a história do nosso carnaval. Traz a nostalgia dos grandes bailes de máscaras, realizadas inicialmente nos salões da capital francesa, aconteciam na Ópera de Paris. O baile da Ópera seria palco de fantasias e licenciosas máscaras durante os anos 1700. Máscaras inspiradas na Comédia Dell'art italiana que tanto agradava ao público com seus personagens, que por de trás das misteriosas máscaras, despertavam amores, aguçavam desejos e extrapolavam convenções. A moda que tomava conta da Europa chega à capital carioca. Bailes de mascarados, ricas fantasias, indumentárias exóticas e verdadeiras aulas de história e geografia em cenografias e figurinos brincam nos glamourosos bailes da sociedade. Esses bailes eram eventos sofisticados, com regras de comportamento, como a proibição do fumo, a obrigatoriedade de se fazer silêncio durante as danças e a reserva dos salões aos mascarados e fantasiados. Dos primeiros bailes do Hotel Itália e do Café Neuveille às animadas platéias do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, nota-se a sofisticação e o requinte importados de Paris. O gosto da sociedade dessa época refletia o interesse pelas culturas exóticas e pelo passado: mandarins, cupidos, gregos, odaliscas, piratas e outras fantasias se misturavam com senhores elegantes de casacas e cartola e com misteriosas damas escondidas sob disfarce de dominó. Enquanto isso, nas ruas, o povo vestia suas rústicas máscaras que, sem o luxo dos salões da elite, também provocam os sentidos, os desejos, a curiosidade, a vontade de se perder numa folia anárquica e suja. Grandes sociedades, cordões. Blocos, clubes ou ranchos. Assim eram chamados os grupos que ganham o passeio público e as ruas, estabelecendo novas formas de fazer o nosso carnaval. Esta organização com participação da imprensa, cronistas, carnavalescos, foi decisiva no estabelecimento da festa organizada. A cobertura jornalística, os incentivos públicos e os interesses nacionais, dentre eles, a questão da brasilidade ou a adequação turística do carnaval popular, acirram as disputam entre os grupos carnavalescos, construindo a nova feição que a festa apresentaria a partir dos anos 30. Reunidos numa região da Cidade Nova, o samba carioca e o samba de roda, que eram praticados na casa das tias negras baianas, como Tia Ciata, faziam da Praça Onze, um ponto de encontro. Vindos daqui ou de acolá, o terreiro de samba de Tia Ciata chegou a ser conhecido como Pequena África. As escolas de samba, já com Ismael Silva, começam a organizar seus desfiles, enredos e apresentações. A FESTA carnavalesca organizada e apoiada pela elite e pelos órgãos públicos acabou sendo chamada de "concurso das escolas de samba". As escolas chamam a atenção pelo número cada vez maior de pessoas envolvidas, que não são apenas aquelas que viviam nos morros, mas surgem de todos os cantos da cidade. O sucesso dos desfiles pela força de suas músicas, seus cantos, evoluções e originalidade contagia a todos, não importando origem ou classe social. Com o passar do tempo, a opulência visual destaca-se. Escolas como Portela, Mangueira, Unidos da Tijuca e a Deixa Falar do Estácio, uma das resistentes pioneiras, são testemunhas dessa evolução do carnaval. Novas revoluções acontecem. Uma turma de professores da Escola Nacional de Belas Artes começa a dar um novo tratamento à festa. Fantasias mais elaboradas associadas ao sentido do enredo, alas em ordem e temas menos educativos e mais viajantes. A era do carnavalesco dá o tom de novidade, ousadia e inovação. O público fica à espera de algo novo, arrebatador, do quesito novidade e o destaque de cada ano. Essas mudanças estéticas provocam a curiosidade, nos fazem esperar a surpresa a cada fevereiro e estimulam a mudança de profissionais a cada quarta-feira de cinzas. Começa aí a "dança das cadeiras". E o espetáculo do carnaval ganha com essa competitividade. Nesses novos tempos, ainda sentimos saudades do limão de cheiro, das bisnaguinhas e confetes do entrudo, das alegres sociedades e dos cordões. Da saudável rivalidade dos blocos como Bafo da Onça e Cacique de Ramos. Das bandas tocando marchinhas nos coretos do subúrbio. Somos todos bem brasileiros e um tanto carnavalescos. Providenciamos nossas fantasias para sair nos blocos e cordões que ainda resistiram para nos alegrar nos batuques dos bares das ruas da cidade em dias de carnaval. A Estácio põe a máscara para revelar como se faz a fantasia de muitas histórias e carnaval que jamais poderão ser conhecidas. Então, deixa a festa passar. Vamos colocar nosso bloco na rua e cair na gandaia. Nos braços da lira eu quero é rosetá!
Carnavalescos: Paulo Barros, Sandro Carvalho, Edgley Cunha |