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S.R.E.S. LINS IMPERIAL

Sinopse 2008

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"APRESENTO-LHES COM LOUVOR, MEU PAI QUERIDO, DOM JOÃO VI"


 

Apresentação 

Com a chegada da Família Real portuguesa, o Brasil começa a conhecer personagens históricos importantes, como o príncipe regente Dom João, sua mulher, a princesa Carlota Joaquina, sua mãe, Dona Maria, Rainha de Portugal, além dos príncipes que chegaram ao Brasil ainda crianças, Dom Miguel e seu irmão Dom Pedro, o personagem narrativo do nossa enredo. Além da família real, vieram membros da corte portuguesa, e todos aqueles que encontraram lugar em um dos 36 navios. Talvez um total de 12.000 a 15.000 portugueses. A decisão sábia deste grande estadista, que foi D.João VI, teve conseqüências positivas para Portugal, Brasil e Inglaterra. Apenas a França lamentaria o evento. 

O enredo é uma lúdica e divertida história, de como seria a visão do, então menino, o príncipe da Beira, infante Dom Pedro (Dom Pedro I), sobre a história e benfeitorias que seu pai Dom João VI fez pelo Brasil. Será uma narrativa com o olhar de criança de um filho para o seu pai, um estadista e poderoso governante. O filho conta como foi crescer no Brasil governado por seu pai - homem de atitudes corajosas e audaciosas, sempre privilegiando a cultura e o desenvolvimento da Terra Brasilis. Mostraremos momentos da conturbada e corrida viagem, a chegada, costumes, o Rio de Janeiro da época, o calor e o Brasil tropical. Temos a intenção de contar um pouco desses atos e fatos, na visão infanto-juvenil de Dom Pedro e como foi importante crescer ao lado daquele que seria a sua maior referência de governo: seu pai Dom João. Isso será feito através de cores, formas e tratamento visual; tudo vai ter uma “pegada artística” de história infantil, porém com fatos muito reais! 

Sendo assim, vamos transformar a visão da infância e juventude do pequenino menino até a sua maturidade, quando ele vê seu pai se tornar Rei de Portugal, no momento da “Aclamação de Dom João VI”! Contaremos e revelaremos o cotidiano dos cariocas que já habitavam o Rio de Janeiro, quando da época da chegada da família real portuguesa. E também dos seus novos moradores, que tiverem que se adaptar aos trópicos. Mostraremos, ainda, peculiaridades e curiosidades que envolviam o fausto da burguesia e os arredores do Rio de Janeiro, cenário da época, da nossa história.

 

“Mistérios do mar - Meu pai me conta a história da Terra Brasilis”

“Vou contar-lhes uma história, que começa na minha infância, passa pela minha adolescência e chega à minha maturidade e como ela influenciou a minha vida de homem adulto. Tudo começa lá pelo princípio do século XIX, quando o expansionismo de Napoleão Bonaparte levou tropas francesas à fronteira de Portugal (1807), tendo a minha família real decidido embarcar para o Brasil, invocando o imperativo de preservar a soberania nacional!

Depois de muita correria e confusão no embarque, e após dois meses em alto mar, finalmente, em 7 de março de 1807, chegamos ao Rio de Janeiro, transferindo a sede da Corte para cá.

Saímos de Portugal com a intenção de nos refugiarmos das tropas francesas de Napoleão Bonaparte que tinham invadido o território português. Sou o príncipe da Beira, infante Dom Pedro, e esse é só o inicio...

Nossa viagem começa no mar... Ventos que sopram as ondas. Ondas que batem nas naus, e fazem elas balançarem ... Pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, pra lá e pra cá. É quase um acalanto, um barulhinho em forma de música, que ecoa na minha cabeça. Mas o balanço das ondas, que às vezes provocam enjôos e assustam, também fazem a minha distração. É lá, no mar, no vai e vem das naus que começam as minhas primeiras “visões”, pois para mim, o ele, com sua força e mistério, abrigava monstros marinhos, e seres que jamais havia conhecido. Era o que se falava na Corte Portuguesa, e isso não saía da minha cabeça! Achei que de alguma forma, os monstros poderiam surgir do mar a qualquer momento, e devorar as naus... Meu pai é quem me acalmava e dizia que isso não existia, eram coisas inventadas por marinheiros sem coragem. Escondia-me nos meus aposentos e a minha distração era brincar com meu irmão Dom Miguel e meus brinquedos prediletos: os soldadinhos de chumbo misturam-se com bolas coloridas de vidro, cavalinhos de pau e bonecos de madeira trazidos de França especialmente para mim. Sempre fui um apaixonado por jogo de xadrez, e, até hoje, está em exposição no Museu Histórico Nacional, um tabuleiro de jogo de xadrez que me pertenceu, assim como bonecos de corda, que também eram os meus preferidos na diversão!

Meu pai Dom João sempre procurava me distrair e me contava sobre a terra que já estava próxima.  Dizia ele que era uma terra muito rica e próspera, e que nós iríamos gostar! Tudo que lá havia era bom: frutas e plantas de cores variadas, aves de plumagem exótica, riquezas jamais vistas - um perfeito paraíso, segundo papai.

Dessa forma o tempo ia passando e eu me esquecia da longa e distante viagem. Só pensava em tudo de novo e curioso, que meu pai me falava, e assim minha imaginação ia me levando a sonhos distantes de uma terra rica e feliz... Com certeza viveríamos momentos inesquecíveis por lá!”

 

“O cotidiano do povo no Rio de Janeiro de D.João” 

“Para mim, o Brasil era desconhecido, é claro! Assim como para a maioria dos portugueses que desembarcaram aqui, no Rio de Janeiro em 1807. Quando cheguei, tinha apenas 9 anos, foi um tempo de adaptações aos novos costumes, principalmente, ao calor insuportável e à nova moradia. Logo tive a “visão” da população carioca que morava aqui...meu pai fez questão de passear pelos arredores da cidade, durante as primeiras semanas de chegada... 

O que mais me chamou à atenção foi a população de negros, muitos, mas muitos e tão de perto como jamais tinha visto... Isso era estampado pelas poucas ruas e pequenas vielas da época:  rua das Belas Noites (atual das Marrecas) ou praia das Areias de Espanha - primeira nomenclatura da praia da Lapa, que depois se afastou do mar e transformou-se no reduto da boêmia carioca. Foram surgindo, mais tarde, também, a rua do Fogo e a do Piolho (dos Andradas e da Carioca), a das Flores (de Santana), a das Violas e a dos Pescadores (Teófilo Otoni e Visconde de Inhaúma). Dos vários nomes atribuídos, o mais exótico foi Sucussarará (hoje rua da Quitanda), dado, provavelmente, por alguns cronistas de modo anedótico, já tão carioca.  Contam que recebeu esse nome porque na rua clinicava um médico inglês, que, após examinar um paciente (provavelmente com hemorróidas), prescreveu uma receita e recomendou, com forte sotaque britânico: ‘Tome esse remédio que su c... sarará!’ - Enfim contos, fatos ou boatos do cotidiano urbano carioca, que agora faziam parte da minha vida! 

Outros personagens pitorescos da época eram os “tigres” que infestavam as ruas da cidade do Rio de Janeiro, principalmente, à noite. Embora não fossem de verdade, a sua simples aparição numa esquina já fazia com que os mais prevenidos atravessassem a rua, com o pavor do que um simples esbarrão neste temido personagem da vida carioca de antigamente poderia acarretar. Mas muita calma nessa hora - os “tigres”, nada mais eram do que os escravos que carregavam os dejetos das casas para jogarem no mar ou em rios e lagos. As “fezes” e “águas servidas” eram carregadas em baldes na cabeça pelos escravos e a sua definição provoca controvérsias entre historiadores. Para alguns, os “tigres” eram os escravos, para outros, os baldes, e para mais alguns eram o conjunto escravo-balde. O conjunto ‘negro-barril’ foi apelidado de ‘tigre’, pois não era menos assustadora do que a visão de uma fera aos transeuntes das ruas desertas, de precária iluminação.  Os pobres escravos ganharam esse apelido por causa do derrame das águas sujas que lhes deixavam as roupas claras com machas que lembravam os tais tigres africanos! 

Meu pai me mostrava tudo, e meus olhos quase não podiam acreditar! Vi os negros maltrapilhos misturados com vendedores de peixes, de flores e bugigangas, que andavam pelas ruas. Vi pequenos estabelecimentos crescerem com a nossa chegada, e as ruas também.... barbeiros da rua do Piolho (atual rua da Carioca), dentistas e sangradores, aplicando bichas (sanguessugas) e ventosas, segundo os princípios de medicina da época, em casarões de dois andares. Tudo acontecia pelos arredores do centro da cidade.  Vi de perto anunciadores de capim, do angu à água na tigela! Lojas que vendiam sedas e brocados, carregadores de peso, cata-piolhos, marceneiros e negros de ganho. De certa forma, a escravidão revelava, ainda, a forma com que violência os negros eram tratados, e isso poderia ser visto nas costas dos açoitados! Bois, cavalos de passeio, burros, jegues, gatos e cães da calçada compunham a barulhenta “população” das ruas.

A cidade foi crescendo, junto com sua população, graças também à abertura dos portos a partir do tratado assinado por meu pai, ainda quando estávamos na Bahia, em 28 de janeiro de 1808.

A linguagem das flores, código de comunicação entre as moças "janeleiras" e seus pretendentes, é outro fato divertido e curioso, que me chamou atenção, e por que me interresei muito. Cotovelos apoiados em almofadas, elas conseguiam mandar recados silenciosos: a flor malmequer sobre o peito sinalizava "cruéis tormentos", mas, preso aos cabelos, tinha por significado "não digo o que sinto". Quando o rapaz passava diante da janela exibindo um botão de rosa branca estava propondo casamento, e seu destino ficava nas mãos das donzelas, pois somente outra flor poderia ser a resposta positiva ao pedido do moço. Se na resposta da donzela aparecesse a margarida dobrada, a tradução era "estou de acordo com os vossos sentimentos"; duas violetas, por sua vez......era o fim para o pobre pretendente, pois significava: "Quero ficar solteira!”. Nos dias atuais, seria o famoso “Tô fora...”

O conceito de objetos para decoração difundiu-se com a nossa chegada, e as casas passaram a ter biombos de charão, espelhos, estátuas de gesso, figuras de porcelana, jarras para flores, vasos de alabastro. Certas utilidades domésticas fazem a sua aparição, apesar do serviço continuar a ser feito por escravos: bancas de lavar, fogões de ferro com seus pertences para cozinha, lavatórios de bronze, etc.

Se já era comum a presença de guitarras e rabecas nas moradas cariocas, agora surgiam as harpas, os piano-fortes, os cravos de penas, as violas francesas de acompanhamento: o que testemunha a rica vida musical do Rio de Janeiro durante os 13 anos em que meu pai permaneceu na cidade, promovendo tantos benefícios materiais. Os quadros e as estampas tornaram-se presentes no interior das casas. Todos queriam ter um pouco do requinte e sofisticação recém- chegados!

Todos esses personagens pitorescos e objetos invadiram a minha mente, tudo isso me foi apresentado por meu pai de forma repentina e surpreendente.  As cores e alegria tropical transformaram toda essa “feira típica” em uma agradável e reveladora “visão” do povo carioca dessa época, tudo isso vira Alumbramento aos meus olhos! Como agradeço ao senhor meu pai Dom João, por ter permitido que eu conhecesse tamanha espontaneidade e festa natural! Podia ver isso estampado no meu sorriso, quando fitava, ainda moleque, as morenas do mercado...Se meu pai não tivesse vindo e me trazido, talvez, não saberia agora o conhecimento das palavras : festa e alegria!!”

 

 “A fauna e a flora, um tapa aqui e ali. Exuberante natureza!!!”

“Eu, meu irmão Infante Dom Miguel e outras crianças da realeza, brincávamos sempre pelos jardins verdes do Palácio onde fomos residir - A quinta da Boa Vista - Propriedade doada para meu pai Dom João por Elias Antônio Lopes ( rico comerciante português e negociante de escravos ), poucos meses depois da nossa chegada ao Rio de Janeiro.

Localizada no bairro de São Cristóvão, a Quinta da Boa Vista contava com um palacete, no qual se destacava uma varanda com mais de trezentas janelas, e jardins de grandes proporções. A chácara foi objeto de reformas dirigidas por arquitetos, paisagistas e autoridades incumbidas de torná-la apropriada para a nobreza, e logo foi elevada à residência real. A ilha de Paquetá, Ilha dos Frades e Ilha do Governador, também, eram outras residências muito especiais por onde eu, meu pai e minha família passamos.

O Brasil era conhecido pelos portugueses que pra cá vieram como “Terra das bofetadas” - pois era assim que eles se defendiam dos ataques dos pequeninos e chatos insetos voadores. A fauna e os jardins com flora exuberante, logo, viraram uma “visão” de fascínio e imaginação aos meus olhos. Assim os mosquitos de pernas longas e de asas barulhentas se transformam em “monstros torturadores”, formigas e gafanhotos, são um tormento que invadem a minha imaginação de menino!! Ratos, baratas e camundongos tinham de sobra...pulgas também! Outros bichos, como sapo, perereca, etc... acabavam habitando as nossas “historinhas de crianças”, principalmente quando papai Dom João nos levava para passear na nossa Fazenda de Santa Cruz.

Ela era uma grande propriedade, composta por algumas aldeias de cercanias. Por lá, ficávamos mais tempo do que em outros sítios, pois era uma fazenda muito bonita, antiga propriedade dos jesuítas e ficava a 11 léguas da cidade.  Em Santa Cruz, todas essas “historinhas” pareciam mais reais, pois tínhamos contato direto com a natureza, tudo isso era motivo de uma lúdica e fantasmagórica imaginação fértil de criança feliz.

E existe o lado colorido dessa “historinha”: as aves jamais vistas por mim. Exatamente como meu pai me contava nas naus. Papagaios e araras coloridas, algumas já presas em gaiolas douradas, dentro da Fazenda de Santa Cruz. Flores e plantas gigantes na minha cabecinha delirante de infante se transformam em paisagens que pareciam pinturas de retratistas, que meu pai Dom João mandara vir da Europa para dar aulas na recém inaugurada Academia Real de Belas Artes. Explodem as cores e as formas, e assim eu deliro na emoção de poder ver minha fantasia de criança, se tornar realidade nas mãos dos artistas que aqui chegaram em 1816!”

 

“Frutas e guloseimas se misturam ao livro de receitas trazido por papai na viagem para cá!!!” 

“Papai trouxe para o Brasil inúmeros livros, muitos, muitos mesmo, tantos que originaram a primeira Biblioteca Brasileira. Na verdade, no inicio, a Real Biblioteca foi acomodada nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, tão logo a coroa portuguesa se estabeleceu no país, em 1808.  Porém, o acesso a seu acervo geral era restrito a estudiosos mediante prévia autorização! Foi apenas a partir de 1814, seguindo tendência verificada em países liberais da Europa, que papai permitiu que a biblioteca assumisse a primazia de seu caráter público.  E, em 1822, com a Independência, passou a denominar-se Biblioteca Imperial e Pública da Corte. Mas tudo isso é para contar sobre um dos livros que meu pai Dom João trouxe para cá. Era um livro de culinária chamado “Arte de cozinha”,  editado originalmente no século XVII e que sofreu inúmeras reedições, do  “mestre de cozinha” Domingos Rodrigues.  Nele, poderíamos aprender a cozinhar vários guisados de todos os gêneros de carnes, conservas, tortas, empadas e pastéis. Assim como peixes, mariscos, frutas, ervas, ovos, laticínios, doces, conservas do mesmo gênero. E também, como preparar mesas, em todo o tempo do ano para hospedar Príncipes e Embaixadores.  Um verdadeiro guia culinário que meu pai, muito sabiamente, trouxe para terras tropicais, pensando em talvez como sobreviver e receber convidados por aqui! 

Papai já sabia que a nossa família era boa de garfo...Ele próprio adorava as mangas, um dos alimentos brasileiros que nós conhecemos aqui no Brasil. A goiaba, a mandioca e tapioca também foram de muito agrado para nós! Mamãe, Carlota Joaquina, adorava os nossos palmitos, e os enviava sempre que podia para o seu irmão na Espanha. Acho que foi mamãe Carlota, quem “inventou” a caipirinha! Ela apreciava a pinga brasileira, também chamada de aguardente. A caipirinha que mamãe fazia, era feita com aguardente de cana e frutas tropicais, e a mistura de sal com amoníaco gelava as bebidas!

Eu, nessa época, já me tornara “raparigo”, e na necessidade de improvisar um rápido lanche, pedi que um empregado preparasse um arroz de chouriço (com pele de lingüiça), isso se tornou uma de minhas comidas preferidas, além de suspiros com damascos, pão-de-ló e sorvete, que realmente eu sempre amei!

Dessa forma, o colorido das frutas, as guloseimas como bolos de milho, pudim de leite da vaca, caramelados de açúcar mascavo, compotas adoçadas e outros cheiros, vindos das cozinhas das pretas cozinheiras de forno, me deixavam sempre com água na boca! Nunca mais vou me esquecer desses cheiros e das farras da gula aqui no Brasil.”

 

“E papai se torna Rei de Portugal”

“Em 1816, morreu Da. Maria I, minha avó, e papai subiu ao trono como D. João VI. Mas, como a Corte precisava obter a ratificação da Regência de Lisboa e da anuência das grandes potências européias, D.João só foi aclamado, solenemente, no Paço Real do Rio de Janeiro, em 06 de Fevereiro de 1818. Esta cerimônia consagrou a Resolução Real transportando para o Brasil a sede da realeza portuguesa.

Assim, eu cresci e pude presenciar, aos meus 20 anos, a aclamação do meu pai Rei Dom João VI do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Que festa incrível! A Muy Leal Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro jamais vira tamanha beleza... A Gazeta do Rio de Janeiro (primeiro jornal feito na Imprensa Régia, criada por papai, que circulou no Brasil), descreveu em suas páginas que as casas ficaram todas acessas e muito iluminadas!! Fogos de artifício bem engenhosos estouraram nos céus, e carros alegóricos, que os vários grupos sócio-profissionais ofereceram, contribuíram para o esplendor que foi o cortejo em homenagem ao então Rei Dom João Vi... E foi assim:

- Os negociantes de varejo e boticários apresentaram o Carro da América acompanhado pela dança dos índios;
- Os negociantes de molhados e lojas de louças, o Carro da Imortalidade com a dança dos heróis portugueses;
- Os artesãos (latoeiros, ferreiros, segeiros, etc.) também ofereceram carros alegóricos, ou então simplesmente danças como a dança dos mouros;
- Os negociantes do ouro e da prata e os relojoeiros, o Carro da China;
- E ainda houve os carros e danças do corpo do comércio, que contribuíram com um carro de Triunfo à romana, cuja execução se deu pelo maquinista do Real Teatro São João. Dentro deste carro iam várias máscaras no trajo dos antigos portugueses, com capacete, lança e escudo, os quais executaram danças acompanhados por sua própria banda de música!
- Havia ainda outro que representava O triunfo do Rio de Janeiro e conduzia dezesseis dançarinos e oito músicos.

Dessa forma pude ver o quanto meu pai era querido pelo povo brasileiro! Em 26 de Abril de 1821, meu pai regressa a Portugal, onde os revolucionários liberais exigiam a sua presença. No Rio de Janeiro, como príncipe-regente, eu, seu filho Pedro, fico e assumo o papel de Príncipe Regente.

Ele se foi, mas ficou para sempre na memória do povo brasileiro. Há quem diga que “dos chefes de Estado que tem tido o Brasil, o que mais amou, e muito provavelmente, o Rio de Janeiro, foi sem dúvida D. João VI”. O simples fato de a monarquia portuguesa aqui se estabelecer, deu ao Brasil o status de reino, e, com isso, muitos privilégios foram conseguidos para a nação! O curto período de tempo que meu pai aqui ficou foi definitivo para o futuro e rumo desse país. Meu pai promoveu o Brasil à categoria de Reino. Além de abrir os portos, coisa impossível de se fazer sendo colônia, permitiu que houvesse manufaturas aqui! Para promover o comércio, papai instalou o Banco do Brasil e criou a Casa da Moeda; criou, também, uma fábrica de pólvora, duas academias (a Militar e a da Marinha) e organizou fundições de  ferro. Nossa presença provocou a reurbanização da cidade e um enorme impacto nos costumes. Mudamos o estilo de vestir e de se comportar do carioca, que passou a freqüentar bailes, chás e espetáculos de ópera. Também nessa época, a população do Rio subiu de 60.000, em 1808, para 100.000 em 1820.  E o característico chiado carioca, de tanto que o povo, jocosamente, imitou nosso falar!

Dessa forma, posso dizer que tudo que vivi e aprendi aqui foi espelhado no grande estadista que foi meu pai Dom João VI. Desde a minha saída de Portugal, o tempo no mar, a chegada em solo tropical, o cotidiano, as minhas visões de infância e meus gostos e sabores foram reflexos de tudo que aprendi com papai!!

Meus olhos se enchem de lágrimas e posso dizer que o infante que eu era, adolescente que cresceu pelos campos brasileiros, me fiz homem Imperador do Brasil, através dos olhos e das mãos do meu pai: João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael de Bragança, cognominado - O Clemente - Dom João VI, meu pai!!!”

A vinda da família real portuguesa para o Brasil foi um fato de grande importância para o nosso país, e a Família Lins Imperial não poderia deixar de contar, de uma forma diferenciada, como este fato influenciou a nossa cultura.

Transformamos a História em enredo de carnaval. E nada melhor do que a maior festa do mundo para brindarmos a celebração desse bicentenário de crescimento cultural que foi a chegada do Príncipe Regente D. João e sua família para o Brasil!!

                                              

Eduardo Gonçalves - autor do enredo

Bilbliografia:

EDMUNDO, Luiz. A Corte de D. João no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1940.
MORALES DE LOS RIOS, Adolfo. O Rio de Janeiro Imperial. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.
www.bperj.rj.gov.br
www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br
www.multirio.gov.br

 

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