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G.R.E.S. MOCIDADE DE VICENTE DE CARVALHO

Sinopse 2008

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"BRASIL PAÍS MULATO"

 

A TERRA

Da cor do pau-brasil!
Um dia a Terra de Santa Cruz
Mestiça pelas mãos do senhor
Abençoada
Te fizeste multicor

Onde o veio beijo tuas palmeiras
Rodopia dos coqueiros
Desperta os encantos
Brinca nos cambucais

Canta o sabiá...
Suspira a raiz do Ipê
Do fundo das verdes matas
Borboletas agitadas
Em coro canta a passarada
A natureza escuta extasiada
Vem de longe o canto das três raças

 

O ÍNDIO

Oh gentios, fostes os primeiros
Bravos guerreiros caçadores
Arco, flecha, lança e tacape
Longe da cobiça. Navega teu jatobá
À ti quantas injustiças

Festa na aldeia
Adoração a Tupã
Cânticos a Jacy que alumeia
O canto de amor de Jaçanã

Os teus vasos sagrados
Poções da vida e da morte
Entregues na mãos da índia velha
Ervas curtidas enfumaçam
Os ritos e magias do Pajé

Caiapó, caiapó
Dançam índios
Ritual e bailado
Curumim sobreviveu
Timbiras, Tapuais e Tupis
Sentados na areia
Manhã se anuncia
Clareia.
De ouro se veste o dia
Surge Guaracy

 

O BRANCO

Trezes naus
Pavilhões anunciam Portugal
À busca da riqueza
Nova fé, novos costumes trouxeste

Falaste do Divino
Enfeitaste os espíritos de flores e fitas
À espera de melhores colheitas
Acendeste fogueiras em louvor a São João

Quiseste mudar o credo
Fez-se batizado
Criaste o reisado ao som da sanfona e da zabumba

Teu poder impuseste
Pela chibata
Na cor do chicote

Resististe
Por vezes sucumbiste ao curare
Resistência dos gentios-primeiros
Em Além-Mar, na Mãe África
O negro buscaste
O mais novo irmão

 

O NEGRO

Ketu, Gêge
Nação Ioruba
Do Congo da Guiné
Em navio Negreiro
Vieste para cá.

Em praias brasileiras
Tuas crenças fincaste
Guardaste teu valor
Escondeste magias e segredos

Retalharam teu corpo
Teu sangue em terra derramaste
Não buscavam teu rosto
Não entenderam teus gritos e clamores

Embora em tatos açoites
Mantiveste tua fé
Sob a luz de lampião ou candeeiros
Na senzala rezaste
Teu amor a Oxum confiaste

Da indagação do Senhor
A quem rezavas
De olhar zombeteiro
Cabeça baixa, medo no coração
Então balbuciavas
-“E reza a Virgem da Conceição”

 

O CARNAVAL

Diante de tantas sanhas
Deixadas tantas marcas
Quis o senhor
As três raças misturar

De toda esta mistura a mulata é exemplar
De três cantos fez um canto só
Dom som de bumbos, cuícas, reco-recos
De um só ritmo
Um só sorriso
De mãos dadas a mesma arte a se manifestar

Fez-se o nosso carnaval
De alegria e fantasias
O Samba-Enredo cantar
Exaltar tradições
Se vestir de fidalguia

Se rei ou rainha
De conde ou Condessa
Não importa...
O que importa é na corte
De Momo três dias reinar.

 

Antônio Carlos Cerezzo
 

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