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G.R.E.S. ACADÊMICOS DE SANTA CRUZ

Sinopse 2007

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"O TEMPO QUE O TEMPO TEM"

 

Justificativa do Enredo


Desde os primórdios da civilização, o homem tem demonstrado grande interesse em descobrir, conhecer e desvendar tudo aquilo que lhe parece misterioso.

Definir a origem do tempo, conceituá-lo e medi-lo tem sido grande desafio para a humanidade.

Por incontáveis milênios, o tempo foi visto como um fluxo calmo e incessante, e a sua passagem foi observada através dos ciclos da natureza. O nascer e o pôr-do-sol, as fases da lua e os movimentos dos astros regulavam os aspectos da vida. À medida que os homens começaram a entender mais plenamente o sentido do tempo, ajustaram o ano à mudança das estações, desenvolveram o calendário e instrumentos para decompor o tempo em unidades menores. Com a sofisticação dos aparelhos destinados a mensurá-lo, o tempo passou a ser o senhor dos homens, regendo nossa sobrevivência.

Já não olhamos para o céu; não observamos mais as estrelas.

Buscando decifrar o enigma e controlar o tempo, acabamos por desumanizar a vida moderna. Por pensar ansiosamente no futuro, esquecemos de viver o presente.

Pensando na relação do homem com o tempo, o GRES Acadêmicos de Santa Cruz transformará em alegria essa história milenar. Ajustando o tique-taque do relógio à cadência do samba, o enredo "O TEMPO QUE O TEMPO TEM" se vestirá de fantasia para cronometrar a magia de um desfile de carnaval.


QUANTO TEMPO O TEMPO TEM?

Ao estudar as origens do universo, os cientistas muitas vezes conseguem respostas que suscitam novas perguntas. Presumindo que o tempo e o espaço vieram à existência com o big bang, uma questão se torna inevitável: o que existia antes disso ? Enquanto alguns dizem que a solução está nas mãos divinas, outros persistem em cálculos.

Segundo modernas teorias científicas, se o tempo teve uma origem, houve um tempo do passado em que ele passou a existir. Esse momento especial é o momento da origem do Universo.

"No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava por sobre as águas.

Disse Deus: Haja luz; e houve a luz; e viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz de dia, e às trevas, noite.

Disse também Deus: Haja luzeiro no firmamento dos céus... E assim se fez. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas." (Gênesis)

... E surgiu também o homem que, assombrado com o aparecimento e a ocultação dos astros, de forma espetacularmente regular, passou a ter um ciclo de vida instintivo, recolhendo-se ao pôr-do-sol e levantando-se no instante do seu surgimento.

A descoberta feita pelo homem de que ele mesmo, como todas as outras criaturas vivas, nasceu e iria morrer deve tê-lo conduzido intuitivamente a tentar deter a passagem do tempo e compreender o seu mecanismo.


O TEMPO NO TEMPO

A humanidade conta a passagem do tempo há pelo menos quinze mil anos, quando fazia marcações em ossos e gravetos.

Desde a pré-história, o homem ficou deslumbrado pela sucessão dos dias e das noites, pelas fases da lua e pelo posicionamento das constelações no céu. Essas manifestações astronômicas conduziram à consciência do tempo, possibilitando sua medição.

O nascer e o pôr-do-sol passaram a definir o dia; as fases da lua, a semana e o mês.

Com o desenvolvimento da agricultura, o homem começou a observar mais atentamente os períodos de chuva e seca e, conseqüentemente, verificou que o ciclo das estações se repetia, originando a idéia de ano.

A necessidade de organizar-se e marcar momentos específicos levou o homem a idealizar o primeiro relógio de que se tem conhecimento: o relógio de sol, que consistia em um bastão fincado na terra. Iluminado pelo sol, projetava sua sombra no solo, permitindo constatar que o movimento dessa sombra fosse o próprio transcorrer do tempo.

Para obter medidas menores e independentes de condições climáticas, Platão, filósofo grego, criou um relógio de água, o Clepsidra - um recipiente por onde a água fluía constantemente, assinalando o tempo de acordo com o nível do líquido.

A evolução do relógio seguiu com a ampulheta, relógio de cordas dentadas e outras tantas invenções.

Pelos registros históricos, o homem precisou de milhares de anos até construir um relógio que funcionasse com precisão. As navegações influenciaram notadamente o desenvolvimento dos instrumentos de medição. A Galileu Galilei se deve a contribuição do relógio de pêndulo. A partir dessa descoberta, a busca por instrumentos mais precisos não parou de acelerar, mantendo viva a intenção de contar e dominar o tempo, como um grande desafio à inteligência humana.
 

O TEMPO ESCRITO NAS ESTRELAS

Entalhando marcações em pedras, ossos e cascas de árvores, nossos ancestrais contavam os dias pelo sucessivo nascer do sol. Observando que a lua se mostrava de diferentes formas ao longo de aproximadamente 29 dias, inauguraram uma nova unidade de medida, o mês. A percepção de que a lua levava cerca de 7 dias para ir de uma fase a outra originou a semana. Essa contagem repetitiva concebeu o calendário.

Algumas civilizações da antiguidade conseguiram estabelecer brilhantemente as bases do calendário. Os sumérios, predecessores dos babilônios, perceberam que entre um inverno e outro a lua se apresentava cheia doze vezes. Decidiram dividir o ano em doze meses. Os egípcios criaram o primeiro calendário da história da humanidade. Surgiu por volta de 3000 a.C e começava com a enchente do Rio Nilo. O ano tinha 365 dias, divididos em 12 meses de 30 dias e mais cinco dias extras dedicados aos deuses. O calendário egípcio foi reconhecido por astrônomos gregos e se tornou objeto de referência da astronomia durante muito tempo. Entretanto, sofreu diversas alterações em função da precisão e da conveniência dos povos. Os romanos produziram o calendário juliano, dando nomes de imperadores aos meses. O ano teria 365 dias, com um dia excedente em Februarius, de quatro em quatro anos. Os romanos começaram a numerar os anos a partir da fundação de Roma, em 753 a. C. Esse sistema foi longamente adotado, até que no século VI a. C um monge grego sugeriu que se iniciasse a contagem a partir do nascimento de Cristo. Os povos construíam seus calendários de acordo com seus períodos festivos e suas tradições.

Atualmente, o calendário ocidental utilizado é o gregoriano, que se baseia no tempo que a Terra demora para completar uma volta ao redor do sol.

Um dos mais antigos registros cronológicos é o calendário chinês, dividido em ciclos de 12 anos, onde cada ano recebe o nome de um animal: galo, cão, porco, rato, búfalo, tigre, gato, dragão, serpente, cavalo, cobra e macaco, originando o horóscopo chinês.

Há milhares de anos, a noite estrelada oferecia um espetáculo fascinante e, nas constelações o homem desenhava formas de animais e deuses. O céu era visto como uma esfera de cristal repleta de cintilantes estrelas.

Para os antigos, o Sol, a Lua e os planetas eram deuses que se moviam por uma faixa do céu, a quem chamavam Zodíaco, designando a sorte dos humanos. O passeio dos astros pelo Zodíaco fez nascer a Astrologia. Assim, fluindo sem cessar, o tempo até hoje escreve nas estrelas o destino dos homens e assinala sua passagem.
 

UM TEMPO SEM TEMPO

Na história do tempo, muitos filósofos, astrônomos, físicos e cientistas deixaram gravadas as suas contribuições no modo de pensar o tempo.

Platão afirmou que o tempo nasceu quando um ser divino colocou ordem e estruturou o caos primitivo.

Para Santo Agostinho, havia tempos distintos com existência apenas em nossa consciência; eram impressões provenientes da alma. Em sua tese, Agostinho expressava sua visão de forma fantástica:

Não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo. De que modo existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro - se o passado já não existe e o futuro ainda não veio ? Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, não seria tempo, seria eternidade.

Isaac Newton definiu o tempo como absoluto, com passagem constante, independente do observador. Mas ninguém foi tão marcante quanto o físico Albert Eintein. Depois de sua Teoria da Relatividade, foi preciso abandonar o conceito de tempo universal idêntico em todos os relógios do mundo, tornando-se, portanto, relativo e associado ao observador.

O brasileiro Alberto Santos Dumond também escreveu sua história no tempo, ao sugerir que seu amigo Louis Cartier criasse um relógio de pulso.

O advento do relógio mecânico reforçou a idéia de tempo como algo valioso e controlável. À medida que os instrumentos de medição foram ficando mais sofisticados, precisos e ao alcance de todos, foram alterando de maneira gradual a concepção temporal. Cada vez mais se delimita o momento em fatias menores. Com isso, ergueram-se as bases para o surgimento de uma civilização atenta à passagem daquele que comanda a vida - o tempo. Em função de sua produtividade e desempenho, o homem industrializado negocia o seu tempo, pois "tempo é dinheiro".

Na era da internet tudo acontece em todos os lugares ao mesmo tempo. Não há fronteiras geográficas nem fuso horário. Mas administrar o tempo na sociedade contemporânea tem sido um desafio. Falta tempo ao nosso tempo.

A sensação de que o tempo voa nos faz sofrer a melancolia do passado, onde o tempo do faz-de-conta não se inquietava com o futuro.

Com a certeza de que o tempo cura, nos tornamos capazes de enfrentar as adversidades, mas, no transcorrer do tempo, lamentamos sua passagem.

Sabemos que ontem é história; o amanhã é um mistério e hoje é uma dádiva, por isso é chamado presente. Ainda assim, não valorizamos esse bem individual.

Tempo - Entre todas as coisas do mundo, é a mais longa e a mais curta; a mais rápida e a mais lenta; a mais esquecida e a mais citada.

Tempo - Como Cronos, deus da mitologia grega, devora tudo o que é pequeno e vivifica tudo o que é grande.

Tempo - Nada é mais longo, pois é a medida da eternidade; nada é mais lento para aquele que espera; nada se faz sem ele.

Tempo - Faz esquecer tudo o que é indigno da posteridade e imortaliza os grandes feitos.
 

Rosele Nicolau Jorge Coutinho
Autora do enredo

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