G.R.E.S. SÃO CLEMENTE |
Sinopse 2011 |
Conselho Deliberativo da Criação Divina Lá longe e tão perto, eternizado em nossos corações, está Deus. Dada sua condição especial, onipresente e divino, Ele convoca todos os santos, anjos e arcanjos e institui o Conselho Deliberativo da Criação Divina. Transforma-os em incansáveis missionários para construir o mundo dos homens em sete dias. E afirma: - Dos sete, utilizarei dois para criar uma cidade admirável, esculpida pela própria natureza. Em seguida, chama por São Clemente e São Sebastião e ordena-os:
Rio: um porto desejado! A Maravilha de Deus é contemplada. O Rio torna-se alvo irresistível para os navegadores portugueses e
franceses, que ávidos da majestosa natureza, travam batalhas por seu
valor inestimável.
Império Tropical Vendo através dos olhos dos homens, o nosso divino arquiteto dá
condições à vida... A Divindade transforma-se em uma realidade histórica. É a fonte cristalina das águas do Rio carioca. Suas águas correm, suprem as necessidades de abastecimento e chegam aos homens. Tornam-se as águas do Rio, dos escravos agueiros, dos caminhos dos aquedutos, das mães-d´água: das bicas públicas, dos chafarizes, das casas dos nobres. Águas que molham o canto das lavadeiras nos riachos e atiçam o imaginário carioca: mulheres que delas bebiam ficavam formosas e os homens recuperavam o vigor físico. Seguindo o caminho das águas do Rio, a sabedoria divina é observada na natureza. Emerge da terra macia e fértil uma deslumbrante floresta urbana. Depois de emitidos os relatórios pelos anjos consultores de Deus, visando garantir a comunhão entre a natureza e a cultura dos seres humanos, conclui-se a Floresta que se denominou Floresta da Tijuca. Não obedecendo à ordem existente, o homem, nela, cultivou o plantio do café. A cafeicultura se espalhou rapidamente por grande parte do Maciço da Tijuca, ocasionando forte desmatamento, o que levou os barões e os senhores do café, os nobres e a crescente população da capital do Império a sentirem a ira de Deus. Como resposta, atribui aos homens consequências desastrosas como as severas secas que atingiram o Rio de Janeiro, criando um problema periódico de falta d’água para a cidade carioca. Como se não bastasse, o governo imperial foi responsabilizado por um programa emergencial de preservação dos mananciais e do replantio das árvores da Floresta da Tijuca, seguido das desapropriações das fazendas cafeeiras da região. Em contrapartida, o governo propôs o cultivo de um jardim, com o intuito de estimular a aclimatação e a cultura de especiarias exóticas vindas das Índias Orientais. A fluida terra desse jardim, nomeado, inicialmente, de Real Horto, Real Jardim Botânico e, finalmente, de Jardim Botânico do Rio de Janeiro, semeou-se de novas opções de plantio. Nele, a mão de obra chinesa foi utilizada para testar a receptividade do solo carioca ao cultivo do chá. Contudo, diante da experiência marcada pelo insucesso, os chineses foram aproveitados para abrir uma via carroçável. Nesta obra, teriam feito seu acampamento onde hoje está localizada a Vista Chinesa, dando origem desta maneira a um dos mais belos mirantes da cidade do Rio.
Modernismo Carioca São Clemente e São Sebastião, após se reunirem com os anjos fiscais das obras divinas, chegam à conclusão que devem, mesmo sabendo da conformação geográfica da cidade (constituída de elevações, lagoas e pântanos), encaminhar, para a aprovação do Conselho Deliberativo da Criação Divina, o programa urbanístico do engenheiro e prefeito Pereira Passos, que visa transformar a antiga cidade imperial em uma metrópole cosmopolita. Sob esta ação, inicia-se no centro carioca uma grande intervenção. Em pouco tempo as picaretas do progresso abrem à cidade as vias da modernidade. Construção de grandes e largas avenidas, de praças e jardins; revitalização do cais do porto e arborização da Avenida Beira-Mar. Entre planos estratégicos, riscos e traços, o Rio civiliza-se e é "rebatizado" de Cidade Maravilhosa. Conta-se, inclusive, que nessa época, Deus para proteger os seres aterrados, nomeou São Jorge como General da Guanabara. E salve Jorge! Os princípios do projetar moderno, contudo, somente são aplicados nas décadas seguintes pelo estudo urbanístico do arquiteto Alfred Agache e dos projetos do arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx que, entre outros, assina o projeto paisagístico do Parque do Flamengo. Nesse contexto de grandes transformações, os belos cenários urbanos projetados e ordenados pelos novos meios técnicos do homem conjugam harmoniosamente as paisagens do Rio, possibilitando uma gestão cultural à altura do que a cidade única idealizada por Deus merece.
Música: a paisagem do Rio A música é um dom divino. O som está por toda parte. É pura ilusão achar
que a
natureza é silenciosa. Sobre as formas populares situa-se nos "chorões" das composições de
Pixinguinha e nos aspectos mais descontraídos como o samba e todas as
músicas de inspiração rítmica, que descem dos morros e interagem com a
cidade. A Bossa Nova, o mais carioca dos estilos musicais, é o Rio que
inspira "no doce balanço a caminho do mar". É a paisagem musical que
canta a paixão do carioca pelo Rio, a benção divina que, de braços
abertos, ilumina a vida, a diversidade de cores e de sabores, de flertes
e de olhares, e de muitos amores.
Rio Cidade! Muito antes, o divino criador já anunciava: é preciso ter fé e redenção. Não se vê mais o todo: a vida, as águas, a terra. A cidade cresce desordenadamente. O Homem autoriza, polui, e a "pobreza" chancela a construção em terras invadidas e em áreas inadequadas. As consequências são drásticas! Salve-se quem puder. Engarrafamentos, enchentes, deslizamentos, lixo, injustiças sociais e epidemias. Esses efeitos chamam a atenção do nosso divino arquiteto, que intervém
lançando um desafio para a cidade: no lugar do "progresso" e do
crescimento ilimitado, hostil para a natureza do Rio, devem-se convocar
todos os engenheiros, arquitetos e paisagistas e criar um grande
planejamento para a reconstrução urbana da cidade. Isto porque, o Rio
haverá de ser o responsável pela realização de dois grandes eventos
mundiais.
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