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G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SOSSEGO

Sinopse 2006

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"ME ENGANA QUE EU GOSTO NO CIRCO DA VIDA!"

 

Introdução: Acadêmicos do Sossego de forma bem humorada e irreverente  transforma a passarela de desfile em um picadeiro, palco imaginário onde apresentaremos tudo aquilo que nos adoça a boca, mas não enchem nossas barrigas  em uma visão circense convidamos a rir conosco de nos mesmo  sob forma de uma esquete  teatral com dois personagem saídos do imaginário popular do circo.

De dentro de uma explosão de fumaça, com um olhar enigmático e sua capa misteriosa surge o mágico, que com uma voz forte e segura diz:

_ Respeitável publico! O grande circo do Sossego trás para o deleite de todos o maravilhoso show de fantasia e ilusão. Contaremos das grandes maravilhas, verdades que fascinam a todos nos.

Sem que o ilusionista perceba de dentro de sua cartola sai com um ar de deboche e suas orelhas pontudas uma lebre branca que diz em tom de desdém:

_Só quero ver!

Do mundo místico coberto por nevoas mágicas trago seres fantásticos, elementares da natureza, gnomos, trevos de 4 folhas, fadas e duendes que com seus poderes nos mostram o caminho para o pote de ouro no fim do arco íris.

De sua cartola com um olhar de descrédito a lebre diz:

_ Nunca vi nem saci pererê que é brasileiro quanto mais gnomo e fada que é coisa de gringo!

O mágico sem dar atenção continua diz.

Minha reverencia aos divinos corretores que nos ajudam a comprar ainda aqui na terra, nosso terreno por metro quadrado em paragens celestiais luxuosas e confortáveis, garantindo assim nosso repouso eterno no céu.

A lebre segura as longas orelhas como se não quisesse escutar.

Saúdo agora meus nobres colegas das artes mágicas nas figuras de místicos, médiuns, videntes e adivinhos. Que operam verdadeiras maravilhas, comunicando-se com o outro mundo, cumprindo sempre o que prometem, reunindo amores em apenas três dias e trabalhando unicamente  pela caridade.

A lebre diz:

_ Caridade! Só se for para o bolso destes embusteiros, farsantes e enganadores, que se aproveitam dos desesperados. Tem sempre alguma entidade sobrenatural que pedem champagne francesa, charuto cubano e produtos de marcas famosas e caras para seus médiuns. Bom seria se esses médiuns usassem os seus poderes para encontrar os muitos funcionários fantasmas que assombram empresas e repartições, ganhando altos salários e achando que estão enganando o povo.

Tirando de sua manga um lenço verde e amarelo, o mágico diz:

_ A maior de todas as felicidades que sinto por viver no Brasil e saber que aqui é um pais livre de preconceitos, por haver oportunidades iguais para todos.

A Lebre diz num tom irônico: _Sei! Torto e errado e sempre o filho do vizinho. Somente quando todos se unirem para vencerem preconceitos e tabus indo a luta sem medo respeitando a opção de cada um é que o Brasil será livre de preconceitos.

O mágico tira da cartola uma carta:

_ Recebi uma carta de um primo, que foi tentar a sorte na América de Tio Sam. Ele conta do respeito por ser brasileiro e que esta num ótimo emprego e que esta ganhando muito dinheiro e logo voltará para o Brasil.

A Lebre diz com muito bom humor: HO!! Yes!!  Os aventureiros iludidos com o sonho americano de uma vida fácil e rica  quando chegam lá, precisam rebolar na boquinha da garrafa sem reclamar dizendo: Yes, my friend, nos semos cucarratia! Muitos voltam deportados e traumatizados, percebendo que o melhor lugar do mundo e aqui apesar das dificuldades.

Mágico diz: _Concordo com você que não e necessário ir para outro lado do mundo para buscar a grande oportunidade de trabalho. O nosso Brasil varonil oferece oportunidade para todos.

A lebre com uma cara de poucos amigos fala cuspindo: _Me engana que eu gosto!!!!! O que dizer a nossos irmãos nordestinos, das falsas promessa de prosperidade do sul maravilha que eles assistem na TV  no horário nobre. Inocentes ao chegar encontram apenas a humilhação e o preconceito terminando fazendo biscate, tocando triangulo ou zabumba em alguma banda de forró ou ainda apenas virando massa na obras,  apenas crescendo as estatísticas e as favelas.

Com um gesto o mago faz surgir em sua mão um pequeno frasco: _ Tenho em minhas mãos um milagroso tônico afrodisíaco capaz de transformar os mais desanimados em garanhões. Composto com as mais legitimas ervas da Amazônia.

A lebre alerta diz: Pomada japonesa e garrafada levantam a moral só de quem vende. Quem me garante que o mato boiando na água suja veio da Amazônia. Eu não sou louco de passar isso nas minhas “partes” e muitas das vezes o efeito pode ser definitivamente o contrario.

Girando a sua capa como passe de mágica, o mágico faz surgi um televisor aonde ele apresenta as grandes mágicas das vendas na tv: _ facas que cortam qualquer coisa, meias femininas que nunca furam, ferramentas  e eletrodomésticos  que cortam, fatiam, ralam e amassam de um  cubo de gelo a uma barra de ferro. E os produtos com nomes que mesmo para um gringo seriam de difícil pronúncia. Todos parcelados em preços baixos com juros embutidos.

Trocando de canal, em um popular programa de tv, mas uma fantástica promoção é oferecida aos telespectadores: _ Ligue já e responda: Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? As 10 primeiras ligações concorrerão a um carro 0 Km.

Aposentados e assalariados realizem os seus sonhos! Faca agora mesmo um empréstimo sem avalista ou fiador, dinheiro na mão na hora. ligue agora.

Mas um giro, e em um  outro canal, um medico apresenta a mas nova técnico cirúrgica de beleza,  que promete corpos perfeitos  com pouco esforço e sacrifício. Um verdadeiro desfile de lindas mulheres siliconadas e rapazes anabolizados.

A Lebre com uma lente de aumento na tela tenta ler as minúsculas letras que aparecem piscando no canto da tela onde estão as restrições do contrato e do produto.

O mágico tira de sua capa uma bola de futebol e um pandeiro, olhando fixamente ele diz: _Trago para vocês um drama de mães e mulheres enganadas, seduzidas por falsas palavras e juras de amor  com inocência virginal e pureza de sentimento, estas mães se entregaram a esses artistas da bola e do pandeiro, e sofrem para criar o fruto desta união.

A lebre debochada e irreverente:

_ Ha! ha! ha!!! Ta falando das Marias chuteiras e pagodeiras que pedem judicialmente pensões milionárias para sustentar luxos e vaidades, isso sem saber se os filhos são mesmo dos jogadores e pagodeiros, fugindo sempre que possível do exame de DNA. Já que estou falando de crianças fico muito triste de saber que os personagens infantis do papai Noel e coelhinho da páscoa foram inventadas por empresários inescrupulosos unicamente para engordar seus bolsos, e  que não estão nem ai para as crianças.

O mágico com sua varinha mágica faz  passe de mágica, sem  resultado ele repete, mas um terceira vez  ele diz:  _ O camelo me garantiram, que essa varinha era tão boa quanto uma original.

A lebre diz: _ Quem mandou comprar produto de pirata, e nisso que da! Não e culpa sua, se a verdadeira não fosse tão cara, você não encontraria camelos vendendo: CDs e DVDs piratas, perfumes, roupas, remédios e toda sorte de coisas falsas.

Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza lindas juras de amor eterno feitas sobre um talão de cheques são tão doces e verdadeiras quanto uma caixa de gordurosos bombons diets. De todas as piores auto-ilusões as que machucam mais são as do coração.

Um telefone toca e o mago atende:

_ Sim querida! Vou chegar tarde tenho outro show! Vai pra casa de sua mãe! Um beijo te amo!

A lebre: U é! Você me disse que iria para o desfile da Acadêmicos do Sossego!

Esta é minha maior mágica, enganar a esposa!

A lebre ligando em um telefone celular diz:

_ Alo amor! Vai sem mim vou ficar na arquibancada assistindo o desfile.

_ Quem era?

_ Sua mulher!

Por mais que goste de ser enganado o povo brasileiro não e palhaço e sabe a diferença do certo e do errado e do verdadeiro e do falso. Sambando na corda bamba lutando sem perder o rebolado ou a esperança de um dia não precisar mas se enganar com truques e ilusões, valorizando o que tem de mas verdadeiro. Sua identidade de ser brasileiro.

Marco Aramha e Marcyo de Olliveira
Carnavalescos e autores do enredo
 

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