"BAHIA DE TODOS OS DEUSES"
JUSTIFICATIVA DO ENREDO
Falar
da Bahia é falar do Brasil.
É lembrar de onde tudo começou, do porto seguro encontrado quando
chegaram da Europa os descobridores.
Falar da Bahia é faça de afoxé, capoeira, maculelê, das baianas e do
Bonfim.
É ter certeza de que os olhos vão brilhar com todas as belezas naturais,
que o coração vai pular, que a vida vai ser mais feliz.
Falar da Bahia é falar de história, de modernidade, de Tradição.
É acreditar nas histórias contadas, nas crenças, nas mandingas, nos
orixás.
Falar da Bahia é falar de Carnaval.
É a certeza do Axé do cheiro da felicidade e alegria, aconchego
hospitaleiro do povo baiano.
APRESENTAÇÃO
É com
muito axé que a Tradição apresenta, como seu enredo para Carnaval de
2006, o tema “Bahia de todos os Deuses”, imortalizado pelo G.R.E.S.
Salgueiro, em 1969. Naquela ocasião, a Escola tijucana conquistou o
campeonato contrariando, sob talentos artísticos de Arlindo Rodrigues e
Fernando Pamplona, a superstição de que falar da Bahia não dava sorte.
Sua apresentação eternizou nas mentes e corações de todos os apaixonados
pelo Carnaval, as imagens do mais belo Estado nordestino. Exatamente
como a Tradição pretende fazer no século XXI.
INTRODUÇÃO
Em
nossa apresentação, a história da Bahia, suas riquezas, suas riquezas,
suas belezas, seus costumes e suas lendas, será apresentada de forma
contemporânea, provando que o tempo passa, mas, mais, e mais, se sente a
força e a importância cultural da Bahia na formação do Brasil. A
Tradição se sente orgulhosa em reeditar a bela composição de Noel Rosa e
Bala, que marcou a história do Carnaval.
SINOPSE DO ENREDO
Conta a
lenda que no começo do mundo, uma grande ave de plumas brancas partiu de
muito longe e, depois de voar dias e noites sem parar, alcançou o
litoral de uma imensa terra onde, exausta pela jornada, caiu morta.
Suas longas e alvas asas, abertas no solo, transformaram-se em belas
praias brancas. No lugar onde o coração bateu na terra, abriu-se uma
grande e profunda depressão, que as águas do mar invadiram, sendo suas
margens fecundadas pelo sangue da ave lendária.
Assim, acreditavam os tupinambás, senhores primitivos da terra, teria
nascido Kirimuri, a vasta baia de águas negras e os recôncavos, que o
europeu, ao aportar nesta terra, no descobrimento, batizou de Bahia de
Todos os Santos.
Este paraíso cercado de belezas naturais, berço do nosso Brasil.
Tirados, de sua terra, os negros africanos trouxeram uma única, porém
rica bagagem nos navios negreiros: sua fé. A história da baianidade, com
seus ritmos, crenças e mitos e a reedição existencial do povo africano.
Jejês e Nagôs, primeiros representantes dos povos da África que
aportaram no Brasil, tiveram de buscar meios e maneiras para
reconstruir, com toda dificuldade dos escravizados, sua religião no novo
mundo. Terra abençoada pelos deuses, tão rica em minerais.
Os orixás, mitos e atabaques encontraram solo fértil na Bahia e se
enraizaram, espalhando por todo o Brasil, as suas raízes, unindo
definitivamente africanos e brasileiros.
Pródiga em belezas naturais e minerais a Bahia também foi abençoada por
uma terra fértil e um mar misterioso com seus corais e arrecifes. A mãe
natureza foi generosa, dotando esta terra de recursos capazes de
oferecer ao país muitas riquezas.
Cacau, carnaúba, jacarandá, petróleo e tanto minerais...
Ao agregar os sabores dos índios, dos portugueses e dos negros, a
culinária baiana firmou-se, ao longo dos tempos, como uma das mais
ricas, diversificadas e saborosas do mundo. O toque apimentado, em cada
prato, resultado da união do azeite de dendê, da pimenta malagueta e do
leite de coco, presentes nos principais pratos da região, transmitem a
alegria da gente baiana a quem prova suas iguarias.
Este festival de sabores esta também presente nas chamadas comidas de
santo do Candomblé. O acarajé e o araba são duas das especialidades
sempre presentes nos tabuleiros das baianas. Também o caruru e o vatapá
são famosos na culinária. Dos ingredientes essenciais, o azeite de
dendê, esta ligado a um orixá que advinha o futuro, chamado Ifá cujo
fetiche é o fruto de dendezeiro. É preciso “ter dedo” para fazer um
prato baiano.
O dedo é o elemento que permite as cozinheiras colocar a quantidade
exata de tempero, medir o tempo certo, tocando com o coração o preparo
dos pratos. E na ladeira do Bonfim, vestidas de branco “o povo santo”
lavam as escadas da igreja do Senhor do Bonfim mistura-se o sagrado
profano e o profano.
Com os pés no chão, iaôs louvam seus orixás. Capoeristas desafiam a
gravidade e exibem seu talento. Tudo isso temperado pelas saborosas
iguarias da região na famosa festa do Largo.
Salva a Bahia.
Olorum Modupé axé olafim.
Orlando Júnior
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