"SAQUAREMA, PRINCESINHA DA COSTA DO SOL. DE CAPITAL DO SURFE À CASA DO VÔLEI"

Saquarema foi descoberta pelos portugueses que lá chegaram com a frota de Martin Afonso de Souza, em 1531, quando aportaram seus barcos na chamada “Barrinha” ao lado do morro onde mais tarde seria construída a igreja de Nossa Senhora de Nazareth, Ali encontraram índios tupis, comandados pelo cacique Sapuguaçu.

O saquaremenses daquela época vivam de pesca e caça e foram visitados tanto pelos portugueses como pelos franceses, tendo participado da Guerra dos Tamoios, em 1575. Em 1594, os padres da Ordem do Carmo conseguiram a doação de algumas sesmarias na região, onde construíram um convento. Em 1660, o fazendeiro Manoel Moreira e sua esposa Catarina fizeram erguer uma capela em honra de Nossa Senhora de Nazareth, no local onde hoje se encontra a igreja matriz, no alto do morro entre a lagoa e o mar. Em 1675, a capela foi substituída por outra maior, construída de pedra e cal.

Um século depois, em 1755, o curato de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, cuja capela era uma filial da Matriz de Nossa Senhora de Assunção de Cabo Frio, ganhou o título de freguesia, recebendo assim o seu primeiro vigário, o padre Antônio Moreira. Em 1820, começou a ser construída uma nova matriz cujas obras foram concluídas em 1837. Sobre a imagem de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, conta a lenda que foi encontrada por pescadores, após uma tempestade, no meio das pedras onde hoje está a igreja e, sempre que se tentou transferir a igreja para outro local, a imagem voltava a aparecer no mesmo penhasco de pedras...

Por volta de 1839 a vida rural de Saquarema era próspera com plantio de café e de cana de açúcar. Surgem então as modelares fazendas com suas engenhocas, carros de bois, paióis, principalmente nas terras de Palmital, Redonda, Rio Seco, Mato-Grosso, etc. Por outro lado, surgem também os movimentos sócias de resistência, como os quilombos. Os fazendeiros mais bem sucedidos recebem, então, de D. Pedro II títulos de nobreza, tornando-se grandes senhores, como por exemplo o Coronel José Pereira dos Santos, o Barão de Saquarema. Junto com outros “barões do café”, eles foram os primeiros a fazer um movimento cívico pela emancipação política. Em 8 de maio de 1841, finalmente, Saquarema é elevada de freguesia à categoria de município.

A primeira Câmara Municipal funcionava no prédio onde mais tarde também funcionou a Prefeitura e hoje abriga a Casa da Cultura Walmir Ayalla. Os saquaremenses eram tão aguerridos em suas causas que tornaram-se conhecidos na capital do Império com o nome de “os saquaremas” do Partido Conservador, que dava sustentação política ao imperador, em oposição aos “luzias” identificados com as idéias liberais. Com o advento da República, Saquarema permaneceu com suas fazendas, por onde passava o trem, até o final dos anos de 1960, quando foi descoberta pelos surfistas pela perfeição das ondas da praia de Itaúna.

Com a inauguração da Ponte Rio-Niterói, Saquarema teve um grande desenvolvimento como balneário turístico. Foi a época dos grandes festivais de surfe, com a participação e a presença de astros da música e do rock brasileiros como Rita Lee, Raul Seixas. Com um astral único na Costa do Sol, praias e serras magníficas, Saquarema tem atraído artistas como Nei Matogrosso, que inclusive instalou em Saquarema a primeira RPPN (Reserva do Patrimônio Público Natural) do município, local de preservação da natureza, aberto à visitação. Mário Lago foi veranista de Saquarema durante vários anos e inclusive acabou dando seu nome ao Teatro Municipal. Evandro Mesquita, Eduardo Dusek, Gabriel o Pensador, Elimar Santos e outros também são freqüentadores da cidade. Mas entre todos, o músico Serguei ficou como morador, definitivamente, transformando sua própria casa no Museu do Rock, aberto ao público.

Hoje, Saquarema é conhecida nacionalmente e internacionalmente não só como Capital do Surfe, sendo a Praia de Itaúna considerada o Maracanã do Surfe, mas também por abrigar o Centro de Desenvolvimento do Vôlei, onde treinam todas as seleções brasileiras de voleibol, do infantil ao adulto, masculino e feminino. Além do Centro de Desenvolvimento do Vôlei, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) promove na cidade um programa social para cerca de 400 crianças no Programa Viva Vôlei.

Na Serra do Matogrosso, há a pista de Vôo Livre e as famosas cachoeiras do Rio Roncador ou do Rio Tinguí, em Sampaio Corrêa, que encantam a todos que as visitam. Há ainda vestígios da pré-história de Saquarema nos sítios arqueológicos chamados de Sambaquis. O Sambaqui da Beirada, situado numa praça em Barra Nova, tem até um pequeno museu arqueológico com peças e esqueletos datados de 4.500 anos atrás.

Quanto à cultura popular, Saquarema ainda mantém manifestações do folclore religioso como a Folia de Reis, no verão e a Folia do Divino, na entrada do inverno, além das festas típicas de Nossa Senhora de Nazareth, São Pedro, São João e outras. Pela riqueza de sua cultura e por sua natureza privilegiada, com praias, serras, lagoas e mar, Saquarema pode ser chamada de “Princesinha da Costa do Sol, Capital do Surfe e Casa do Vôlei”.
 

Dulce Tupy