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G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR

Sinopse 2006

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"AS MINAS DEL REI SÃO JOÃO"


Tomados pelo espírito aventureiro que impulsionou desbravadores, bandeirantes insulanos erguei-vos empunhando seu pavilhão azul, vermelho e branco rumo às Minas Gerais e à augusta jazida de São João Del Rei!

Muitos almejam a vitória, mas só a Ilha tem o mapa da mina...

 

Ribeirões em ouro, cascatas de prata, diamantes aos cachos e esmeraldas refletindo pelo caminho... assim fantasiavam ser as terras que chamavam Tijuco depois que a notícia aurífera se espalhou aos quatro ventos. Revirando seus olhos de cobiça, Portugal delirava com a realização do lendário sonho do Eldorado, até então uma quimera. Em busca de fantásticos tesouros, estava aberta a corrida pelo ouro.

 

A região vira um formigueiro humano, todos atrás da riqueza supostamente rápida e fácil. As disputas pela terra e ouro eram freqüentes em pontos mineratórios, o que acirrou conflitos de toda ordem. Principalmente com os paulistas, que se julgavam donos das minas por serem pioneiros em sua descoberta, chegando ao ápice com a Guerra dos “Emboabas”, como chamavam os portugueses e brasileiros forasteiros.

 

Em nome de El Rei Nosso Senhor D. João V e para organizar essa caçada aos metais preciosos, o antigo Arraial Novo do Rio das Mortes deu origem a Vila de São João Del Rei pelas mãos do governador da capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Mas a presença da autoridade portuguesa, que só gananciava arrecadar cada vez mais e mais, não obtinha sossego. A estipulação do pagamento do Quinto, que ganhou rapidamente o bem-humorado apelido de “O Quinto dos Infernos”, e dos altos impostos sufocava o povo mineiro. Mesmo contrariando as ordens coloniais, fabricava-se doces, queijos, carnes, peças de vestuário e tecidos de algodão. O Arraial ganhou fama de “celeiro de mantimentos para as Minas Gerais”, ardendo a lenha nos fogões para cozinhar a tradição da boa comida.

 

A exploração do ouro banhava a forte religiosidade sanjoanense e as capelas se multiplicavam. Oratórios eram esculpidos e igrejas seriam construídas com requintes de suntuosidade. O Barroco era talhado em seu esplendor como demonstração de fé e devoção, dourando um estilo artístico próprio. O ritual de toques e repiques dos sinos lhes daria a alcunha de “terra onde os sinos falam”, provocando divertida rivalidade entre os sineiros. As confrarias e irmandades religiosas regalavam-se nos festejos populares onde se apreciava galantes Cavalhadas, majestosos Congados e prestimosos Reisados. Contavam as beatas que virar “mula-sem-cabeça” era o destino certo das moças casadoiras que ficavam de olho comprido pra cima dos padres. Deus me livre! Coisas de um povo com a fé folheada a ouro.

 

Reluzia nesse chão o espírito de liberdade.

Chão este em que sempre houve muita rebeldia, com a fundação de quilombos como o de Campo Grande. Não foi à toa que o “Tiradentes” Joaquim José da Silva Xavier e seus companheiros do movimento da Inconfidência Mineira, que sonhavam fazer a nossa independência do domínio português, vislumbraram São João Del Rei como a capital da República. Escritores, militares, poetas, magistrados e sacerdotes se engajaram na conjuração influenciada pelos ideais da revolução francesa de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Herança perpetualizada na bandeira branca com um triângulo vermelho no centro e idealizada pelo próprio sanjoanense Tiradentes, trazendo o lema dos inconfidentes em latim: "Libertas Quae Sera Tamem" (Liberdade ainda que tardia).

 

O sentimento libertário não cessaria, posteriormente influenciando D. Pedro (em visita a então Vila) e chegando a contribuir de forma decisiva no processo de Independência Nacional. A palavra sempre foi habilidosa arma da cidade, como a publicação do documento de adesão à Independência citando Montesquieu em defesa da liberdade dos cidadãos. E como profecia dos vultos inconfidentes, seria um filho da terra que nos conduziria ao caminho da democracia na Nova República com o fim ditatorial do Regime Militar e o início da Redemocratização do país, sendo aclamado pelo povo e amado até os dias de hoje.

 

Se a poesia existe nos fatos”, a pintora Tarsila do Amaral foi conhecer o carnaval carioca e as cidades históricas de Minas Gerais, retratados no que originaria a pintura geométrica da fase Pau-Brasil. Caminhando pelas ruas de pedra de São João Del Rei os “olhos livres” da pintora se encheram com as cores puras dos casarios, redescobrindo com sua arte o passado colonial brasileiro e sendo uma das responsáveis pela criação de uma expressão genuinamente verde-amarela.

 

A criatividade dos artesãos esculpiu o estanho, teceu tramas e rendas em ofício “bárbaro e nosso; a formação étnica rica; a riqueza vegetal; o minério; a cozinha; o ouro e a dança revertendo em riqueza”. Pau-Brasil. Tradicionalmente musical com suas orquestras e bandas... “a reza; o Carnaval; a energia íntima; o sabiá; a hospitalidade um pouco sensual, amorosa”, entre “coalhadas” (Orquestra Ribeiro Bastos) e “rapaduras” (Lira Sanjoanense). Pau-Brasil. O apito romântico da Maria Fumaça também é o canto locomotivo do progresso mineiro e de seus “cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar”. Pau-Brasil. O “Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça” e se integra ao que é o melhor carnaval de Minas desde os tempos dos bailes à fantasia da Filarmônica Sanjoanense. Pau-Brasil. “Ser regional e puro em sua época; alegria dos que não sabem e descobrem; sentido puro”. Pau-Brasil.

 

Festejai, bravos insulanos! Com Minas de tantas preciosidades e de riqueza tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, São João Del Rei é uma Ilha de tesouros, cercada de história por todos os lados...
 

 

 

Jack Vasconcelos
 

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