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G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR

Sinopse 2007

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"RIPA NA TULIPA, ILHA"


 

“(...) Água, cevada, um pouco de arroz e milho, fermento e lúpulo. A cevada tem os seus grãos secados para produzir o malte, sendo necessário torrá-los para uma bebida mais escura. As flores de lúpulo são responsáveis pela espuma e pala graduação do amargor que se intenciona, recomendando-se ainda, se necessário para melhor aromatizá-la, a adição de mírica, louro, zimbro, losna-maior (o mesmo que absinto), sálvia, folhas de pinheiro, rosmaninho, gengibre ou hortelã.(...)”

Weihenstepham, Alemanha, 1040 d.C.

 

Herdamos dos Mosteiros da Idade Média o molde básico dos ingredientes e do fabrico da “servisia” que consumimos hoje. Na Quaresma medieval só era permitido uma refeição ao dia nos monastérios e, como a proibição não se estendia aos líquidos, os monges saciavam a fome bebendo cerveja, pois os próprios dominavam a tecnologia de fabricação e eram responsáveis por sua venda e distribuição; detendo, por muitos anos, o monopólio dos Mosteiros em suas adegas nos subsolos para a requintada degustação nas tavernas subterrâneas dos conventos.

Mas seu rústico nascimento se esconde na poeira do tempo.

Os Sumérios já possuíam uma desenvolvida indústria cervejeira e controlavam o plantio da cevada em larga escala para suas várias “casas de cerveja”, e costumavam oferecê-la, ingerida pelos sacerdotes do culto, em sacrifício à deusa da Fecundidade.

Os Babilônicos chegaram a fabricar mais de dezesseis tipos com cevada, trigo e mel mais de quatro mil anos antes de Cristo.

E no Egito, o Deus Osíris teria inspirado aos homens a preparação do suco de cevada em substituição ao vinho, e a cerveja foi elevada ao posto de bebida nacional. Ramsés já havia organizado um grêmio de cervejeiros com regulamentação para venda; as mulheres usavam sua espuma como rejuvenescedor da pele e ainda atribuíam-lhe propriedades curativas, além de ser tradicional que as criptas mortuárias fossem fartamente abastecidas com jarras transbordantes.

Enquanto isso, por aqui, na América do Sul, séculos antes da chegada dos espanhóis, os Incas já bebiam uma cerveja preparada com grãos de milho em grandes festas e rituais religiosos.

Bebida esta, aliás, detectada em praticamente todas as sociedades ameríndias. Não é à toa que Cristóvão Colombo ao pisar em solo americano, foi “brindado” pelos índios com uma cuia cheia, logo em um dos seus primeiros contatos com os nativos.

Nos idos anos quinhentistas, o pastor protestante francês Jean de Léry, descreve em narrativas sobre sua “Viagem à Terra do Brasil”, o processo de fabricação do “Cauim” Tupinambá; onde o milho ou raízes de mandioca eram cozidos, mastigados e fermentados, produzindo uma bebida forte para se embriagarem em grandes bebedeiras, nas quais os índios cantavam e dançavam ao redor dos potes noite a dentro.

Em outubro de 1810, quando o Rei Luis I, mais tarde Rei da Baviera, casou-se com a Princesa Tereza da Saxônia e, para comemorar, organizou uma corrida de cavalos, acompanhada com danças, boa música, muita comida e, é claro, muita bebida. O sucesso da festança foi tanto, que o evento Real passou a ser anualmente concebido com a participação do povo da região. O local acabou sendo batizado com o nome de Gramado de Tereza, homenageando a princesa. A confraternização deu origem à maior festa de cerveja do mundo, em Munique, na Alemanha: a Oktoberfest.

A cerveja demorou a chegar no Brasil, pois os portugueses temiam perder o filão da venda de seus vinhos. Mas foi só a Família Real Portuguesa aportar em solo Tupiniquim com suas embarcações turbinadas com a “mais pura alegria”, para o país se render a ela. Questão de tempo, a bebida caiu no gosto popular criando forte identidade nacional.

Hoje, em Blumenau, ela é louvada em uma das festas mais populares do país, onde a folia dos blumenauenses mostra sua diversidade cultural, marcada pela honra da memória e das tradições dos costumes dos antepassados vindos da Alemanha, para formar colônias na região Sul do Brasil; celebrando o casamento perfeito onde a germânica loura gelada e o sedento calor tropical vivem felizes para sempre...
 

Comissão de Carnaval
 

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