G.R.E.S. UNIDOS DO VIRADOURO |
Sinopse 200 5 |
"A VIRADOURO É SÓ SORRISO!" No principio era só sorriso. Um sopro de bom humor recaiu sobre a autoridade divina que , inspirado, criou tudo o que há de belo no universo. Mas ainda tomado por um estado de graça e maravilhado com a própria criação, deu vida a um projeto ainda mais ambicioso: criar um ser a sua imagem e semelhança, dotando-lhe de inteligência, sensibilidade e do privilégio de manifestar uma sensação de prazer e bem-estar através de um gesto facial iria diferenciá-lo dos outros animais: a capacidade de sorrir. Mas o homem estava só e não tinha com quem compartilhar tal habilidade concedida por Deus, que logo resolveu o problema criandoi a mulher. Ao ficar frente a frente com a figura feminina, o homem jogou seu melhor sorriso e um olhar irresistível em direção á futura mãe da humanidade. Com a ajuda da serpente, que lançou um sorriso matreiro, conquistando a confiança do casal, deram início ao plano crescer e multiplicar sorrisos pelo mundo afora. E depois de se entregar à galhofa, o homem viu que se levar a sério não tinha muita graça. No sorriso sem juízo da Antiguidade, os povos viram na gaiatice uma válvula de escarpe, rompendo o curso natural das coisas do cotidiano. A imaginação dos gregos tratou de criar figuras como sátiros, misto de homem e bode, que espalhavam por aquelas terras a farra de Dionísio, a quem celebravam, sorridentes, com vários excessos e transgressões. Em Roma, o imperador arrumou um jeito de distrair o povo. Pão e circo, uma dobradinha infalível pra amenizar as tensões sociais. Alimento barato para o corpo e diversão garantida para os sentidos. O riso a serviço da afirmação do poder. Ver gladiadores e feras se engalfinhando no circo máximo romano transformou-se em programa cativo para os habitantes do grande império do Ocidente. E ria-se o homem diante do sangramento espetáculo das arenas. Havia, porém, quem não achasse nenhuma graça no sorriso, a ponto de considerá-lo um insulto a criação divina. Qualquer simples demonstração de alegria ganhava contornos dramáticos na Idade Média. Entramos nos domínios das trevas do riso confinado num vale de lágrimas. Nas ruas, porém, o povo caçoava das instituições, via-se num espelho distorcente, ria de si mesmo e da própria negação do sorriso. E das ruas para os castelos, os bobos divertiam toda a corte de nobres enfadados com a própria sisudez. Mas o riso contido de tédio revelado por uma moral inconsistente renasceria no sorriso enigmático de Mona Lisa e nas comédias de costume de Moliére. O sorriso volta à moda, estampado na face do homem iluminado pela arte de rir e de fazer rir. Respeitável público, ergam-se as lonas que o palhaço vem aí, trazendo consigo uma legião de mestres do riso. Desfila pela nossa imaginação uma grande trupe de operários da alegria, os que fazem sorrir os homens de boa vontade. Chega também quem acreditou no amor, no sorriso e na flor e encantou na música uma nova bossa sincopada. E de canção em canção, o que vale é a arte de sorrir, cada vez que a vida lhe diz não. E nessa arte plena de idéias, a de trocar o dia-a-dia com a graça e simpatia, o brasileiro arranjou um jeitinho de rir da própria realidade. Sorria, você está sendo filmado. E o que nos revela a fotograma? Seríamos Macunaímas dessa tela tupiniquim? Ou artistas que reinventaram a própria vida no sorriso nosso de cada dia? Abrimos sempre aquele sorriso e encaramos o cotidiano com o maior bom humor, fazendo das agruras nacionais uma grande e divertida caricatura. E do compasso do traço, vamos ao sorriso sem graça: a dos brasileiros desdentados, cuja falta de assistência extraiu do povo o direito de sorrir. Entra em cena, porém, o esquadrão pró-sorriso virando esse jogo com um arsenal de instrumentos e aparelhos para prevenir e tratar de um dos nossos maiores males. Olho por olho, dente por dente. Armas em punho, os soldados da frente de batalha bradam em coro: "Desdentados nunca mais!" Só assim o nosso país vai poder rir de orelha a orelha. O sorriso do folião pintado, bordado e, por que não dizer, estampado com as tintas da alegria, traduz a felicidade que paira sobre os domínios de Momo. O riso e o carnaval são companheiros inseparáveis, nascidos da grande vocação humana para o alto astral. Quanto isso, oh, quanta alegria! Arlequins, pierrôs e colombinas ganham as ruas, seduzem pelo sorriso do Rei Momo. Bandeira
branca, amor! A Viradouro, escola da cidade-sorriso Niterói, pede paz
e sonha que o futuro sorria para a humanidade. Que o mundo se curve ao
poder do puro sorriso das crianças. E que a vida renasça na paz dos
sorrisos serenos dos que lutam por um mundo mais feliz.
Mauro Quintaes Sugestão
do enredo: Dra. Marisa Maline |